As contas de luz na Argentina terão um forte reajuste de 24,4% em média, disse nesta quarta-feira, 1º, o ministro de Energia do país, Javier Iguacel. Esse é o último aumento de uma série de altas adotadas para cortar subsídios e reduzir o déficit fiscal.
O presidente Mauricio Macri tem reduzido gradualmente os subsídios desde que tomou posse, em dezembro de 2015, melhorando as contas públicas, mas também contribuindo para a inflação, que atingiu 29,5% nos 12 meses encerrados em junho.
Os cortes de subsídios têm motivado protestos da população e, em maio, Macri foi forçado a vetar um projeto de lei que propunha o congelamento das tarifas de empresas de serviços públicos, como energia e água.
O movimento vem após o Ministério dos Transportes ter anunciado, na sexta-feira passada, uma alta de 30% nas tarifas de ônibus e trens na região metropolitana de Buenos Aires. Em março, o governo já havia anunciado altas de 28% a 40% nos preços de gás natural para aquecimento de casas.
O governo argentino informou que pretende reduzir os subsídios em energia e transportes em 0,3% e 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018 e 2019, respectivamente, como parte do acordo de US$ 50 bilhões feito com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em junho, após uma grande desvalorização do peso argentino.
Inflação mais alta
Macri disse em entrevista a uma rádio local esta semana que a inflação de 2018 na Argentina chegará a 30%, o dobro do previsto em dezembro, como consequência do “tormento econômico” que o país atravessa e da alta do dólar.
Durante sua campanha eleitoral, em 2015, ele havia dito que “o mais fácil” seria baixar a inflação, problema que tem sido um dos maiores desafios econômicos do país nos últimos anos. Em 2017, o índice foi de 24,8%.
“Temos de baixar mais rápido o déficit para que possamos baixar a inflação”, disse Macri. O déficit fiscal primário, antes do pagamento da dívida, ficou em 3,9% do PIB em 2017. O governo se comprometeu a reduzir paulatinamente esse nível até 2020, depois do acordo com o FMI.
A Argentina sente os efeitos da desaceleração econômica. A atividade caiu 5,8% no período de 12 meses até maio, segundo o instituto oficial de estatísticas, Indec. O índice de pobreza se mantém em 30% e a taxa de desemprego atingiu 9,0%.