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Argentina volta a negociar com o FMI

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo de Néstor Kirchner dará início, nesta semana, às negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para a assinatura de um novo acordo a partir de agosto. No Ministério de Economia e no FMI se fala em extensão do atual acordo até dezembro para cobrir os vencimentos da dívida argentina com os organismos multilaterais (FMI, Bird e BID), da ordem aproximada de US$ 6 bilhões de dólares. O vice-diretor do Hemisfério Ocidental, John Dodsworth, desembarcará nesta terça-feira em Buenos Aires para iniciar as conversações. Dodsworth será o negociador do FMI com residência temporária na Argentina e sua presença no país, neste momento, é considerada importante pelos mercados e pelo governo porque evita que o acordo ainda em vigência seja, tecnicamente, considerado já terminado. Porém, em princípio, Dodsworth ficará no país até a próxima quinta-feira. O ministro de Economia, Roberto Lavagna, deseja obter uma rápida negociação para não haver nenhuma lacuna entre o atual acordo e o próximo. No FMI, segundo uma fonte do Ministério de Economia, se avalia a possibilidade de prorrogação porque se considera que a transição política para a Argentina ainda não terminou, o que ocorrerá somente em dezembro, quando as eleições provinciais já tiverem sido realizadas. A idéia de um acordo mais amplo, com maior tempo de duração e desembolsos de crédito está cada vez mais longe. O organismo trabalha com um período de cinco meses a um ano. Porém, antes de começar a negociar o que virá depois de agosto, a tarefa de Roberto Lavagna não será menos dura. O governo precisa aprovar a segunda revisão do acordo antes de chegar à metade deste mês, quando vence uma parcela da dívida da Argentina com o FMI no valor de US$ 421 milhões de dólares. Se a revisão não for aprovada, o pagamento da dívida não será prorrogrado e o governo terá de usar reservas do Banco Central. A revisão ficou travada na diretoria do FMI, em resposta à suspensão das execuções hipotecárias por 90 dias, votada pelo Congresso, até que o governo encontre uma solução para o problema. A fonte explicou que enquanto o FMI não aprovar a revisão e der por cumpridas as metas correspondentes, o acordo fica suspenso. A Casa Rosada já avisou que não vetará a suspensão das execuções hipotecárias e Roberto Lavagna adiantou que pedirá um perdão (waiver) ao FMI. A equipe econômica reconhece que a suspensão destas execuções contraria os compromissos assumidos com o organismo, mas também argumenta que foram cumpridas as demais metas fiscais e monetárias. No entanto, a situação do governo não é nada cômoda porque outro fator de preocupação pesa em contra: a perda de autonomia do Banco Central em função do decreto que cria a comissão de reestruturação do sistema financeiro, a qual será controlada pelo Ministério de Economia e não só pelo BC. A polêmica provocada, na semana passada, pelo presidente do Banco Central, Alfonso Prat-Gay, complicou ainda mais o cenário de negociações.

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