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Argentinos estão cada vez mais pessimistas

Por Agencia Estado
Atualização:

As ruas estão cada vez mais cheias de sem-teto, a sucessão de planos econômicos não consegue devolver ao país o crescimento econômico e os escândalos de corrupção continuam sem solução. Este cenário sombrio permanece há anos na Argentina, sem evidenciar sinais de que a crise estaria acabando e que os bons tempos poderiam voltar. Por este motivo, 68,7% dos argentinos afirmam que estão cada vez mais pessimistas com o país. Somente 30,2% não se definem como pesimistas. Além disso, 34,8% dos argentinos imaginam que as situações econômicas pessoais serão ?piores? até o fim deste ano, enquanto que 38,4% consideram que será ?igual? à atual. Somente 21,4% dos argentinos afirmam que melhorarão ao longo de 2002. Isso é o que indica uma pesquisa do Centro de Estudos da Opinião Pública (Ceop), que também afirma que para 62,2% dos argentinos a principal preocupação é o desemprego. A angústia de perder o trabalho acrescenta-se à insatisfação sobre como o país está sendo governado. De forma geral, a classe política está passando por um descrédito nunca antes visto na Argentina, já que ? segundo a pesquisa ? 78,4% dos habitantes não confiam ?em político algum?. O presidente Eduardo Duhalde, que tomou posse na primeira semana de janeiro deste ano, possui uma imagem negativa de 37%. Outros 44,8% dos argentinos possui uma imagem menos dura de Duhalde, embora não otimista, já que afirmam que sua gestão é ?regular?. Somente 14,6% dos pesquisados possui uma imagem positiva do atual governo. Além disso, a credibilidade de Duhalde é baixíssima para um presidente que está há tão pouco tempo no poder. Segundo a pesquisa da Ceop, 68,8% dos argentinos não acreditam ?em nada? quando ouvem o presidente falar. Se Duhalde ? integrante do Partido Justicialista (Peronista) hoje fosse candidato presidente, obteria 5,1% dos votos, segundo o Ceop. Pouco abaixo dele estaria o ex?piloto de Fórmula 1, e também peronista Carlos Reutemann, com 4,9%. Em primeiro lugar estaria a deputada Elisa Carrió, do Argentinos por uma República de Iguais (ARI), com 14,1%. Carrió tornou-se famosa nos últimos três anos por denunciar escândalos de corrupção de seus colegas parlamentares e do governo. Os ex-presidentes Raúl Alfonsín (1983-89) e Carlos Menem (1989-99) teriam uma votação inexpressiva. ?El Turco?, como é conhecido Menem, ficaria com 1,7% dos votos, enquanto que Alfonsín conseguiria exíguos 0,9%. Uma pesquisa da consultora Hugo Haime e Associados indica que um de cada três habitantes da cidade de Buenos Aires já participou de uma assembléia de bairro ou de um ?panelaço?, como é denominado o protesto popular consistente em bater as panelas para manifestar-se contra alguma coisa. Desde que foi adotado como forma de protesto, em dezembro do ano passado, os panelaços foram direcionados contra a política econômica do governo, ministros, juízes da corte suprema e até instituições bancárias. As assembléias de bairro também surgiram em dezembro, e constituem na reunião de moradores de um determinado bairro para protestar em conjunto ou exigir medidas para sua área da cidade. Segundo a pesquisa, 50% dos entrevistados consideram que os panelaços e as assembléias serão o ninho de novas lideranças políticas. No entanto, outros 50% consideram que as assembléias poderiam ser dominadas pelos partidos de esquerda, diante do panorama errático em que as reuniões de moradores são realizadas. Com freqüência, os assuntos de debates podem ir desde uma mobilização contra a presença da missão do FMI em Buenos Aires, até a discussão visceral sobre se ? para arrecadar fundos ? é melhor a venda de beringelas ao escabeche ou de bolos de chocolate. Leia o especial

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