PUBLICIDADE

Publicidade

Argentinos querem eleições diretas ainda este ano

Por Agencia Estado
Atualização:

Há uma semana e meia, o presidente Eduardo Duhalde decidiu antecipar as eleições presidenciais de setembro do ano que vem para março de 2003. Mas esta data, para grande parte dos argentinos, é muito tarde. Segundo uma pesquisa realizada pelo Ibope OPSN mostrou que 62,9% dos argentinos querem eleições diretas antes do final deste ano. Fartos da classe política que não consegue encontrar uma solução para retirar a Argentina da recessão em que está mergulhada há quatro anos, os habitantes deste país pretendem que as próximas eleições presidenciais sejam acompanhadas de eleições gerais, que incluam a renovação total da Câmara de Deputados, o Senado, os governadores das províncias e as Assembléias Legislativas. A pesquisa da Ibope OPSN sustenta que 91,9% dos argentinos querem que toda a classe política atual seja renovada. Segundo Enrique Zuleta Puceiro, diretor da Ibope OPSN, "existe um grande mal-estar com o sistema político, mas não com a democracia. As pessoas consideram que existe uma espécie de cartel da política, na qual as lideranças fazem alianças entre si para defender-se e preservar-se em seus cargos. Os cidadãos argentinos querem uma mudança, que exista concorrência, que venham pessoas novas para a política". Uma das candidatas mais citados na última semana para disputar o governo argentino é a deputada Elisa Carrió, líder do Argentinos por uma República de Iguais (ARI), um partido de centro-esquerda criado no ano passado. Os outros, todos integrantes do partido de Duhalde, o Justicialista (Peronista) são o governador da província de Santa Fe, Carlos Reutemann; o ex-presidente Carlos Menem (1989-99) e o ex-presidente Adolfo Rodríguez Saá (última semana de dezembro de 2001). Caso o escolhido para representar o peronismo seja o governador de Santa Fe, o cenário teria Reutemann com 46,5% dos votos, enquanto que Carrió receberia 38,4%. O segundo cenário, onde o vencedor da convenção do peronismo fosse Menem, Carrió dispararia na frente, ganhando com 50% dos votos, enquanto o ex-presidente amargaria sua primeira derrota pessoal eleitoral, obtendo somente 24%. O terceiro cenário, no qual Carrió teria que disputar com Rodrígez Saá representando o partido fundado há mais de meio século pelo general Juan Domingo Perón, a deputada teria 40,9% dos votos, enquanto o polêmico ex-presidente, que durou apenas uma semana no cargo, ficaria com 34,3%. No entanto, parte destes cenários dependerão do resultado da meditação em que está mergulhado Reutemann, que refugiou-se em sua fazenda a 50 quilômetros da cidade de Santa Fe para analisar a conveniência de lançar sua candidatura. Especula-se que o anúncio poderia ocorrer depois de amanhã, dia 9 de julho, data da independência argentina. Com os outros, e especialmente Menem, Duhalde possui uma relação de conflitos e desconfianças. Para ajudar Duhalde, o governador de Córdoba, José Manuel de la Sota, declarou ostensivamente que apoiava Reutemann "totalmente". Menem sabe que com Reutemann no páreo, seria difícil vencer a convenção peronista. Por este motivo, enviou seu irmão e senador Eduardo Menem para tentar obter um acordo com Reutemann. A idéia das fileiras "menemistas" é que o ex-piloto seja o vice de Menem. A conversa entre o taciturno governador de Santa Fe e Eduardo Menem durou somente uma hora. Mas o resultado da reunião teria sido negativo para os Menem, já que Reutmannn não aceitaria ser o vice de ninguém. Insatisfação Quem vencer a disputa presidencial terá que tentar diminuir a insatisfação dos argentinos, desanimados e irritados diante da crise econômica que parece não ter fim. Segundo uma pesquisa da Gallup, 88% dos entrevistados consideram que seus níveis pessoais de vida pioraram ao longo do último ano. A pesquisa afirma que a previsão, para os próximos doze meses, é que as perspectivas dos argentinos continuarão sendo sombrias. Do total de entrevistados, 44% consideram que sua situação econômica pessoal piorará, enquanto que 31% afirmam que continuará igual, ou seja, ruim. Somente 14% vislumbram um futuro melhor. Motivos para o pessimismo abundam. Segundo a ministra do Trabalho, Graciela Camaño, o desemprego estaria atingindo 22% dos argentinos. Este seria o maior índice de desemprego na história do país. Graciela também declarou que - por causa da atual crise e do descalabro do sistema de aposentadorias estatais e dos Fundos de Pensões - daqui a 20 anos "a maioria dos trabalhadores argentinos não terá qualquer espécie de proteção" na velhice. Leia o especial

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.