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Argentinos vão às ruas contra reforma da Previdência

Protestos contra mudança nas regras de aposentadoria foram os mais violentos dos últimos 16 anos; ao menos 100 pessoas ficaram feridas

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Por Redação
Atualização:

BUENOS AIRES - Manifestantes e policiais argentinos se enfrentaram de forma violenta na tarde desta segunda-feira, 18, em Buenos Aires, diante do Congresso nacional, onde deputados debatiam a reforma da Previdência, proposta pelo governo do presidente Mauricio Macri. Desde 2001, quando a Argentina mergulhou em uma grave recessão econômica, não se registravam embates tão violentos no país como os desta segunda-feira.

Desde 2001, quando a Argentina mergulhou em uma grave recessão econômica, não se registravam embates tão violentos no país como os desta segunda-feira,18. Foto:

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Os choques duraram mais de sete horas e, segundo a agência de notícias Associated Press, pelo menos 100 pessoas – de ambos os lados – ficaram feridas, muitas com fraturas, e foram encaminhadas a hospitais. O canal de notícias TN informou que 48 manifestantes foram presos e, segundo Alberto Crescenti, autoridade de saúde do país, 48 policiais foram feridos.

Enquanto os manifestantes jogaram pedras, garrafas e abriam valas nas ruas, as forças policiais tentaram reprimi-los com bomba de gás lacrimogêneo, balas de borracha e jatos de água. Uma greve geral com duração de 24 horas também foi convocada a partir do meio-dia de segunda-feira.

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Essa foi a segunda vez em que o governo tentou aprovar a lei, que também regulamenta os subsídios sociais. Na quinta-feira passada, a sessão na Câmara dos Deputados foi interrompida por causa dos confrontos. Na ocasião, os manifestantes empunhavam cartazes onde se lia “aqui não é o Brasil”, em referência à relativamente fácil aprovação da reforma trabalhista no vizinho.

Segunda-feira, apesar dos atos de violência, os parlamentares iniciaram a sessão, mas, até o fechamento desta edição, não haviam votado o projeto. O texto já passou pelo Senado.

Texto. O aposentado Hugo Reynoso, de 74 anos, que hoje recebe cerca de R$ 1.300, participou do protesto por temer que sua renda diminua com a aprovação da reforma. “Se aproveitam dos mais fracos para cobrir o déficit do Estado, em vez de cobrar dos mais poderosos. Se perdemos poder aquisitivo, não sei como vou pagar medicamentos e contas de gás e luz”, afirmou.

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O governo sugere uma nova fórmula para reajustar o benefício de quem já está aposentado, com aumento trimestral em vez da correção semestral.

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A notícia parece positiva em um país com inflação anual na casa de 24%, mas a nova regra reduz o aumento dos benefícios no curto prazo e tem sido duramente criticada. O texto ainda propõe elevar a idade de aposentadoria de maneira optativa de 65 para 70 anos para os homens e de 60 para 63 anos para as mulheres.

O chefe de gabinete da Presidência, Marcos Peña, afirmou que os aposentados não perderão poder aquisitivo. O governo decidiu impulsionar a agenda de reformas após o partido de Macri, o PRO, sair como grande vencedor das eleições legislativas, realizadas em outubro. 

A reforma é uma das medidas de Macri para tentar reduzir o déficit fiscal, estimado em 5%. A expectativa é que permita uma economia de US$ 5,5 bilhões em 2018, o equivalente a um quinto de déficit. 

As mudanças na aposentadoria deverão causar impactos na vida de 17 milhões de pessoas, de uma população total de 42 milhões. Quase 50% dos aposentados argentinos recebem aproximadamente R$ 1.300 por mês.

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