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Armas de guerra viram arte e provocam reflexão sobre a violência

Empresa metalúrgica transforma restos de fuzis e bazucas em peças que provocam reflexão sobre a violência

Por Economia & Negócios
Atualização:

SÃO PAULO - Uma metalúrgica na Libéria consegue lucrar com os destroços da guerra no país africano. A Fyrkuna Metalworks transforma sucata de armas em obras de arte, com a ajuda de uma equipe de artesãos. Manfred Zbrzezny, fundador da empresa, cria em sua oficina em Monróvia, capital da Libéria, objetos de arte a partir de fuzis AK-47, lançadores de granadas e bazucas. As velhas armas de guerra viram abajures, objetos de decoração e até arvores de metal em tamanho real. A história do artista foi tratada em uma reportagem da emissora americana CNN. "O que era um instrumento de sofrimento pode se tornar algo belo e útil", diz Zbrzezny, um alemão especializado em solda com ferragens que mora na Libéria desde o ano 2000. "Eu quero fazer algo sereno de todas estas coisas que são violentas e desagradáveis", acrescenta. "Prefiro fazer minhas peças um pouco engraçadas ou doces, em vez de fazer algo macabro ou áspero." Zbrzezny, cuja equipe de trabalhadores liberianos inclui quatro funcionários e dois estagiários, diz que agora vai expandir o projeto e espera conseguir exportar as peças. "Estou tentando convencer a missão das Nações Unidas na Libéria a doar as sucatas de armas para o nosso projeto", disse ele à CNN. A Libéria, a república mais antiga da África, enbrenhou-se em 1989 em uma brutal guerra civil que destruiu grande parte de sua economia e infra-estrutura. Embora a luta tenha chegado ao fim em 2003, deixando cerca de 250 mil pessoas mortas, muitos na Libéria ainda carregam as cicatrizes profundas de anos de conflito. "Não há ninguém que tenha sido afetado pela guerra", diz Zbrzezny, que viajou pela primeira vez para a Libéria, antes do final do conflito, em 2003. Ele descreve o trabalho da metalúrgica Fyrkuna como uma forma de ajudar a nação curar suas feridas, transformando os dispositivos destrutivos de seu passado devastado pela guerra em algo positivo. "Olhando para armas transformadas em arte, a maioria das pessoas permanece cuidadosamente silenciosa", diz ele. "Este momento de silêncio funciona como um flashback, uma lembrança da guerra e ... é também um indicador para mim de que existe um trabalho psicológico a fazer na questão da guerra", diz o artista.

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