PUBLICIDADE

Arminio Fraga diz que aceitaria ser ministro da Fazenda em novo governo

Em evento, ex-presidente do BC diz ter muito a contribuir, mas não informa em qual governo toparia assumir o cargo

Foto do author Eduardo Laguna
Foto do author Adriana Fernandes
Por Eduardo Laguna (Broadcast) e Adriana Fernandes
Atualização:

O economista Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC), disse nesta terça-feira, 30, que aceitaria voltar ao governo federal como ministro da Fazenda. Mas, segundo ele, isso dependeria de algumas condições. Entre elas, haver apoio na condução da agenda econômica. Fraga, no entanto,não deixou claro em qual governo toparia entrar.

"Depende. Só vale se puder fazer coisas", disse Arminio ao responder a uma pergunta, em um evento virtual da Latin Lawyer, se assumiria o comando da política econômica do País. O ex-presidente do BC acrescentou que as ideias do governo teriam de ser compatíveis com os seus valores, mas não se esquivou ao deixar claro que, se atendida sua "barra alta" de condições, aceitaria o convite. "Ainda tenho muito a contribuir." 

O ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga; economista fez críticas à falta de liderança de Jair Bolsonaro na condução das reformas. Foto: Fabio Motta/Estadão - 2/5/2018

PUBLICIDADE

Ao Estadão, Fraga disse que não vai se juntar à campanha eleitoral como assessor de nenhum candidato. Segundo ele, nas eleições de 2014 e 2018 não houve um debate de qualidade no campo econômico. Em 2022, ele defende a necessidade de fomentar as discussões. “Tem que ser um debate de qualidade para dar a quem ganhar um mandato para fazer o que é necessário”, disse.

Fraga, que é sócio da Gávea Investimentos, fez críticas à falta de liderança do presidente Jair Bolsonaro na condução das reformas. "O Brasil é vítima de políticas ruins e más ideias", afirmou. "A situação no Brasil não é muito confortável, com liderança fraca e ideias ruins."

Como resultado de incertezas, em especial no campo fiscal, e baixo investimento, o Brasil tem sido incapaz de crescer, e mesmo após a recuperação nos anos seguintes à recessão de 2015-2016, a economia continua em nível 50% abaixo do que já foi, observou o ex-presidente do BC.

Ele considerou que, embora o governo tenha conseguido aprovar algumas "poucas reformas", o pacote como um todo segue sem atrair novos investimentos ao País. Colocando a reforma administrativa como essencial, junto com a reforma tributária, Arminio assinalou também que os gastos do governo são altos para um país emergente.

Ainda assim, avaliou que o Brasil não é um caso perdido, levando em conta em seu comentário o instinto de sobrevivência da classe política para implementar as medidas estruturais necessárias, além de experiências positivas em alguns governos estaduais e prefeituras. "Está claro que há muito espaço para melhorar", afirmou Arminio.

Publicidade

Fraga, sócio-fundador da Gávea Investimentos, é um dos economistas mais respeitados do País. Foi presidente do Banco Central no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), entre 1999 e 1.º de janeiro de 2003. Recentemente, esteve envolvido, junto com o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, nas articulações para uma eventual candidatura de Luciano Huck à presidência. 

Como tem uma história ligada aos tucanos, uma hipótese seria que Fraga poderia se juntar eventualmente ao time de João Doria, pré-candidato do PSDB à presidência e que já anunciou o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como um dos seus articuladores econômicos. Questionado sobre o assunto, Doria disse que "Arminio Fraga é sério e competente, tem minha amizade e admiração. Mas não há nenhum entendimento nosso com ele neste momento". / Colaborou Pedro Venceslau 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.