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Armínio diz que faria 'praticamente tudo' diferente de Levy caso fosse ministro

Ex-presidente do BC criticou a gestão de Dilma: 'É muito difícil para o Joaquim trabalhar quando boa parte dos problemas foram criados pela chefe dele'

Por Ricardo Leopoldo e Álvaro Campos
Atualização:

Texto atualizado às 18h para correção de informação

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O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, ao ser questionado em evento sobre o que faria de diferente no cargo do atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy, caso Aécio Neves tivesse vencido as eleições de 2014, comentou: “Praticamente tudo”, ressaltando, no entanto, que é amigo de Levy. 

Fraga fez uma crítica direta à presidente Dilma Rousseff. “É muito difícil para o Joaquim trabalhar quando boa parte dos problemas foram criados pela chefe dele.” As declarações foram dadas durante evento em São Paulo, promovido pelo Instituto Millenium. 

Para o ex-presidente do BC, o ajuste fiscal que tem sido feito pelo governo não é suficiente e, por isso mesmo, não é surpresa nenhuma que não esteja dando grandes resultados em termos de retomada da confiança e volta do crescimento. 

Para Armínio Fraga,o Brasil precisa de reformas amplas e profundas Foto: Fábio Motta/Estadão

"Na primeira administração Lula se fez um ajuste, ainda que pequeno, e a coisa evoluiu. Hoje, sem truques, pedaladas, receitas não recorrentes, etc, temos um déficit de 1,5%, quase 2% do PIB. O que o Brasil precisa é de um ajuste enorme", afirmou.

Segundo ele, quanto menos credibilidade se tem, maior o ajuste necessário. "Não surpreende que o ajuste de 0,5 ponto do PIB como está acontecendo agora não esteja dano grande resultado. Ele não é suficiente e não há qualquer sinalização de que um ajuste maior possa vir a ser feito", comentou.

Reformas. Fraga afirmou ainda que o Brasil precisa de reformas amplas e profundas, que vão além da recriação da CPMF ou da venda de participações minoritárias em ativos estatais. Para ele, é difícil uma solução para a crise atual sem uma boa reforma política, ou no mínimo uma conjunção de forças para viabilizar as reformas necessárias.

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No curto prazo, ele defende que o governo sinalize com uma reforma da Previdência, com idade mínima de aposentadoria, reforço do fator previdenciário e desvinculação dos ajustes em relação ao salário mínimo.

"Nosso Orçamento deveria ser 100% desvinculado, desindexado, forçando uma reflexão do Estado que queremos e podemos ter. Uma espécie de orçamento de base zero". Para ele, é urgente uma reforma tributária e melhora na gestão do Estado.

O ex-presidente do BC disse que não é impossível reverter o quadro atual de deterioração na economia, mas isso parece cada diz mais difícil. "O Brasil evoluiu muito nas últimas décadas, mas corre o risco de jogar tudo fora se providências muito importantes não forem tomadas".

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Ele lembrou que a dívida bruta está se aproximando de 70% do PIB e com o cenário de recessão, déficit primário e juro real elevado, essa relação deve crescer quase 6 pontos ao ano. "É um problema enorme e não se pode descartar a possibilidade de no futuro relativamente próximo isso criar uma crise de confiança enorme".

Dívida bruta. No mesmo evento, o também ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco defendeu que o Brasil estipule metas de redução da dívida bruta. "Deveríamos ter uma meta de redução de 25 pontos porcentuais do PIB da dívida bruta em alguns anos. E também deveríamos dobrar o grau de abertura num certo horizonte de tempo. São objetivos factíveis."

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