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As contas externas ainda não refletem as restrições

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Por Redação
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O balanço de pagamentos em setembro, com déficit em conta corrente de US$ 3,9 bilhões, apresentou uma conta financeira que cobre esse déficit com a entrada líquida de US$ 15,1 bilhões. O problema é saber se as restrições à entrada de capital estrangeiro não irão reverter essa situação.Na sua previsão para os anos 2010 e 2011, o Banco Central (BC) estimou que os recursos externos, que somaram US$ 54,4 bilhões em 2009, subam para US$ 80,3 bilhões neste ano e para US$ 90,1 bilhões no próximo, valor que equivale ao déficit das transações correntes, como manda a contabilidade. Para isso se prevê um aumento dos investimentos diretos estrangeiros, uma redução das aplicações em papéis domésticos, um ligeiro crescimento dos desembolsos para bônus, créditos de fornecedores e empréstimos e um aumento dos ativos brasileiros no exterior.Essa previsão, naturalmente, depende da situação internacional e do comportamento da balança comercial e de serviços (essencialmente das remessas de juros e dividendos).Nesse sentido, o clima político internacional poderá ser decisivo. Já está havendo certa preocupação dos meios financeiros internacionais com a possibilidade de vitória da candidata petista, que se pode traduzir em dificuldades de captação de recursos e aumento dos juros, assim como de remessas de dividendos.As medidas tomadas pelo governo para restringir algumas entradas de capital até agora não produziram queda violenta dessas entradas. Segundo os dados divulgados pelo BC sobre as operações até 25 de outubro, não houve reação negativa, embora eles se refiram mais às entradas do que às saídas. Os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 4,5 bilhões; as entradas para compra de ações, US$ 3,9 bilhões; as aplicações em renda fixa, US$ 1,66 bilhão; e as remessas de juros e dividendos, US$ 1,6 bilhão.A rolagem de 1.886% da dívida foi muito elevada e é difícil interpretá-la. Pode ser receio de um aumento da taxa cambial, ou do fechamento do mercado externo, ou de uma intervenção do governo para reduzir as emissões de bônus no exterior, que estão contribuindo para aumentar as entradas de divisas estrangeiras.O clima atual é de mudança da disposição dos investidores estrangeiros, certamente descontentes com as medidas adotadas no Brasil, que mudaram as regras do jogo quando se sabe que havia outra maneira de obter melhor resultado - como a intervenção do BC no mercado futuro, em lugar da tributação das operações financeiras vindas do exterior.

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