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As expectativas parecem ser piores que a realidade

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Por Redação
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Pesquisas divulgadas ontem pelas Confederações Nacionais da Indústria (CNI) e do Comércio (CNC) mostram que as expectativas para os próximos meses são não apenas ruins, mas piores do que justificariam os dados objetivos da atividade econômica. Os levantamentos permitem avaliar o grau de desconfiança das famílias e das empresas provocado pelo agravamento das incertezas cambiais e pelos efeitos negativos da alta do juro básico sobre o valor dos ativos. Ainda mais grave: não foram bem captadas as consequências da turbulência dos últimos dias - a pesquisa com os industriais, por exemplo, foi feita entre os dias 1.º e 13 de agosto.A Sondagem Industrial da CNI indicou bem a distância entre as situações presente e futura: em julho, a atividade industrial aumentou, mas os estoques cresceram, em especial nas grandes empresas. A indústria em geral espera uma demanda estável e a manutenção das compras de matéria-prima, que são bons sinais. Mas houve recuo no número de empregados e projeta-se queda da quantidade exportada. Ou seja, a valorização do dólar de 2,7%, em julho, foi insuficiente para assegurar competitividade ao produto local.A Pesquisa Nacional de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), da CNC, indica que nas faixas com maior escolaridade e acesso à informação - famílias com renda superior a dez salários mínimos - as preocupações com o futuro aumentaram. Nas capitais do Nordeste e do Sudeste, a piora foi mais acentuada. Pela primeira vez o índice de satisfação com o consumo caiu abaixo dos 100 pontos, indicando insatisfação.Entre agosto de 2012 e agosto de 2013, as expectativas quanto à manutenção do emprego, perspectiva profissional, preservação da renda atual, compras a prazo, nível de consumo atual, perspectiva de consumo e momento para compra de duráveis caíram entre 3% e 15,2%. Na média, a ICF caiu 9% em um ano e 1,3% entre junho e julho. O pior indicador é relativo aos duráveis.Mas o indicador menos ruim é justamente o mais importante: quase 3 em cada 4 entrevistados dizem estar tão satisfeitos com o emprego atual (27,6%) como no ano passado, ou estão ainda mais seguros neste ano (46,2%). As desconfianças vêm do menor crescimento da massa salarial, recuperação lenta da atividade e incertezas inflacionárias.Em resumo, as pesquisas mostram que produtores e consumidores desconfiam da política econômica. As autoridades precisam entender o recado.

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