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As montadoras pedem socorro

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Por Redação
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Agora é a vez da outrora campeoníssima indústria de veículos dos Estados Unidos se declarar à beira da bancarrota. Anseia por ajuda oficial. Se não vierem imediatamente os US$ 25 bilhões reivindicados, não haverá com o que pagar os compromissos em vencimento. E a quebradeira será inevitável - garantem os dirigentes do setor. Terça-feira, os presidentes das três grandes de Detroit, General Motors (GM), Ford e Chrysler, foram ao Senado e, durante quatro horas, desfilaram argumentos de discutível solidez para arrancar o pacote de socorro. O presidente da GM, Richard Wagoner, tentou convencer os senadores de que todo o problema da indústria é ter-se tornado vítima da crise e não de desmandos antigos e recentes. Para ele, a queda das vendas, de 14,8% nos primeiros dez meses do ano (em relação a igual período do ano passado), teve como causa o estrangulamento do crédito e não o atraso tecnológico nem os custos insuportáveis quando comparados aos de outras montadoras. Tampouco têm importância os graves erros de marketing, como a insistência em produzir carros beberrões. E Wagoner não admite que eventual ajuda seja condicionada ao desenvolvimento de produtos mais competitivos. Os executivos chegaram a evocar argumentos terrificantes. Se as verbas públicas não vierem rapidamente, sustentaram, será pior para todos: fechamento de 3 milhões de postos de trabalho apenas no primeiro ano; perda de US$ 150 bilhões em salários; e outro tanto em impostos. Não lhes ocorreu admitir que unidades inteiras poderiam ser vendidas a produtores mais eficientes, sem a eclosão de tantas catástrofes. Ontem a GM recusou liminarmente a oferta inicial de US$ 1,3 bilhão por sua unidade Opel, da Europa. De mais a mais, os americanos não deixarão de comprar os carros produzidos nos Estados Unidos. Por isso não dá para insistir em que 3 milhões de empregos sumirão ou que US$ 150 bilhões irão para o ralo. Nenhum dos três dirigentes da indústria conseguiu rebater o senador republicano Michael Enzi: "Temos pouca certeza de que US$ 25 bilhões fariam alguma coisa para garantir o sucesso de longo prazo", disse ele. E, para garantir sucesso de longo prazo diante da concorrência, os custos de produção teriam de cair mais de US$ 2 mil por unidade, que é quanto o Taurus, da Ford, teria de ficar mais barato para competir com o Avalon, da Toyota, como atestou o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney no New York Times. E, como não haveria compromisso com a redução dos custos, não haveria, também, como garantir solução definitiva para o setor. Na curva seguinte, seria preciso mais transfusão oficial. De todo modo, a liberação ou não de recursos para a indústria é decisão soberana do Congresso. O presidente eleito, Barack Obama, já deu a entender que o socorro é inevitável. Se assim for decidido, será difícil deixar de considerá-lo subvenção, o que contraria o compromisso que o presidente Bush assinou domingo em Washington, na reunião de cúpula do Grupo dos 20, definido pela cláusula 13 do comunicado oficial: o de rejeitar medidas protecionistas no setor produtivo. Mas este é apenas um detalhe insignificante. CONFIRA Tem mais - Ontem a Toyota americana anunciou queda nas vendas de 8%, para 1,7 milhão de unidades, nos nove primeiros meses do ano em comparação a igual período do ano passado. É a primeira queda desde 1995. Em 2007, vendeu 2,6 milhões de unidades. Neste ano, espera vender não mais que 2,2 milhões. A reação da indústria será parar a produção por dois dias em dezembro, demitir 250 funcionários admitidos temporariamente e reduzir a produção de alguns modelos. Os projetos em tramitação no Congresso americano não prevêem ajuda para empresas controladas no exterior.

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