Há muita neblina ao longo do caminho da economia brasileira. Mas, pelo lado mais urgente, as incertezas parecem perder forças.
As
vêm prostrando experimentados analistas. Até o momento, o Brasil imunizou
cerca de 2,7 milhões de pessoas
(1,3% da população). As disponibilidades de
são uma insignificância. Mas, hoje,
a situação não está tão ruim
como há duas semanas.
A Sputnik V, produzida pelo Instituto Gamaleya da Rússia, sobre a qual reinava desconhecimento, revelou um grande nível de eficácia, de 91,6%. É um grande passo para que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorize sua aplicação por aqui.
O laboratório União Química já começou sua produção no Brasil e pretende importar 10 milhões de doses até março. Isso não chega a compensar os efeitos da má administração da política nacional de enfrentamento à covid-19, mas é avanço não desprezível.
Ainda há muita confusão na União Europeia, que enfrenta acusações de imprevidência e bate-cabeças entre dirigentes e laboratórios. Mas, os Estados Unidos, país mais atingido, já intensificam a vacinação em massa. O presidente Joe Biden avisa que, até o fim deste ano, toda a população estará vacinada.
A Johnson & Johnson também finalizou o seu produto. E assim se espera de outros laboratórios. A tabela mostra as 16 vacinas que estão na terceira fase do desenvolvimento de testes em humanos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A área de política interna passa por rearranjos. O principal deles é o restabelecimento do chamado presidencialismo de coalizão. É a troca precária de compromissos, favores e esquemas de aliciamento, que contraria o discurso eleitoral do presidente Jair Bolsonaro, mas pode costurar um acordo mínimo em direção a certo equilíbrio do Orçamento e ao andamento das reformas, ainda que não haja compromisso do chamado Centrão nessa direção.
A percepção da baixa qualidade desse constructo político vem desde o restabelecimento do jogo democrático em 1985. Para o presidente Bolsonaro, trata-se de opção em direção à sobrevivência, que vinha ameaçada pela administração incompetente no combate à pandemia. Para os políticos, foi a melhor forma de tirar proveito em seu benefício das fragilidades do governo.
De qualquer maneira, de um lado e de outro, tanto o diagnóstico como o prognóstico das atuais relações de poder são de precariedades – a menos que a covid-19 seja derrotada e que a atividade econômica e o emprego se recuperem. E isso, enfim, tem a ver com a vacina.
CONFIRA
>>> A alta do petróleo
Os preços do petróleo subiram mais de 11% apenas neste início do ano. O lado bom é o de que refletem certa recuperação da atividade econômica no mundo. E mais receitas em dólares, uma vez que o Brasil já é exportador líquido de petróleo. O lado ruim é o impacto sobre os preços. A alta onera o transporte, movido a diesel e gasolina, e a produção de energia elétrica nas usinas térmicas. É mais pressão sobre a inflação e sobre os preços no atacado, que mais cedo ou mais tarde puxarão para cima os juros.
*CELSO MING É COMENTARISTA DE ECONOMIA