PUBLICIDADE

Associação de empregados diz que irá à Justiça após declarações do presidente da Eletrobrás

O executivo Wilson Ferreira Junior afirmou que 40% dos chefes da estatal são 'inúteis' e não 'servem para nada' em gravações obtidas pelo Estadão/Broadcast

Por Mariana Sallowicz , Fernanda Nunes e Broadcast
Atualização:
Na reunião com sindicalistas, Ferreira Jr. disse que muitos dirigentes da Eletrobrás são "inúteis". Foto: Wilton Junior | Estadão Foto: WIlton Junior / Estadão

A Associação dos Empregados da Eletrobrás (AEEL) vai recorrer ao Judiciário e à Comissão de Ética Pública após recentes declarações do presidente da companhia, Wilson Ferreira Junior. O executivo chama de “vagabundos” e “safados” gerentes da estatal em áudios divulgados com exclusividade pelo Estadão/Broadcast.

PUBLICIDADE

“A AEEL e sindicatos desconhecem a existência, no corpo funcional na Eletrobrás, de empregados vagabundos, safados ou inúteis, que ganham entre R$ 30 mil e R$ 40 mil, como exposto pelo presidente da Eletrobrás”, diz a entidade em nota.

A associação destaca que somente gerentes possuem como benefício garagem, secretária e celular corporativo e que as indicações gerenciais passam pela aprovação formal do presidente e diretores. No áudio, o executivo diz que “40% de cara inútil ganha não serve para nada, ganhando uma gratificação, um telefone, uma vaga de garagem, uma secretária”.

A AEEL informa que em dezembro de 2016 a empresa implantou um processo de reestruturação organizacional, permanecendo apenas cerca de 100 posições gerenciais. “Sendo assim, cabe ao presidente Wilson Pinto Jr, identificar e divulgar internamente, dentre os 100 gerentes nomeados por ele, quais se enquadram nos termos utilizados pelo mesmo (vagabundos, safados ou inúteis)”, diz a nota.

A associação pede ainda que sejam esclarecidos os motivos pelos quais as supostas irregularidades apontadas pelo presidente “em jornais e seminários externos nunca foram corrigidas por ele, conforme previsto em norma. “Se ao longo de um ano de sua gestão nem os gerentes nem a diretoria tomou nenhuma providência, teria ela se omitido, perdoado ou seria conivente com tais malfeitos?”, indaga a entidade.

A associação diz que na gestão de Ferreira Junior tudo se faz por inexigibilidade ou dispensa de licitação, “como pode ser comprovado pelo estratosférico crescimento dessa modalidade de contratação na empresa”.

A entidade aponta que os problemas da empresa decorrem principalmente da ineficiência de sua alta gestão, “que sequer consegue fazer coisas básicas e esperadas de qualquer gestor mediano, como, por exemplo, ter credibilidade para comandar seu corpo gerencial”.

Publicidade

“Ao não conseguir o que quer, o mesmo vai à imprensa se queixar de sua própria ineficiência, porém jogando para a plateia tentando manipular a sociedade de que a culpa é dos empregados, gerentes e da instituição”, critica a AEEL.

A entidade declara ainda que o presidente “não se sente parte” da Eletrobrás e cita mais a CPFL em sua fala do que a empresa atual. Ele foi presidente da CPFL Energia entre 2002 e 2016.

“Possivelmente sequer conhece a nossa empresa e a grandiosidade de suas usinas, linhas de transmissão, subestações e demais instalações. Ao invés de viajar para Portugal para receber um prêmio sobre gestão ética, deveria rodar o Brasil e conhecer a nossa imensa malha elétrica, construída, operada e mantida pelos trabalhadores da Eletrobrás, espinha dorsal do setor elétrico brasileiro. Ou então voltar para sua tão querida empresa chinesa, a CPFL”, diz a nota.

A conversa do presidente da Eletrobrás com sindicalistas gerou mal-estar na empresa, a ponto de o executivo se ver obrigado a gravar uma fala na televisão interna pedindo desculpa pela “veemência” com que se referiu ao que considera “privilégios” na estatal.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.