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Ata do Fed reforça incerteza dos mercados

Documento divulgado ontem diz que redução dos estímulos pode vir nos 'próximos meses' e indica preocupação em manter os juros baixos

Por WASHINGTON
Atualização:

As autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) tiveram uma ampla discussão sobre a perspectiva da política monetária na reunião de 29 e 30 de outubro. A ata divulgada ontem diz que ainda prevalece a visão de redução de estímulos nos "próximos meses", sem compromisso com um prazo específico, mas o documento deixa claro que os membros estão buscando maneiras de reforçar os planos de manter os juros baixos por muito tempo após o fim do programa.

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Um consenso sobre quando iniciar a redução de estímulos, porém, parece distante, o que reforça a incerteza nos mercados. A principal novidade da ata é o fato de o Fed estar considerando fixar um piso para a inflação.

Esse assunto foi levantado mais cedo pelo presidente da distrital de Saint Louis, James Bullard, que disse que 1,5% seria o piso ideal. A ideia obteve certo apoio entre os membros, mas seus benefícios são vistos como incertos e modestos.

Já a possibilidade de reduzir o gatilho da taxa de desemprego, defendida em estudo recentemente divulgado por economistas do Fed, obteve pouco apoio entre os membros do banco central. "Poucos" se mostraram favoráveis a reduzir o gatilho de 6,5%, enquanto outros frisaram que essa mudança pode provocar preocupações com a durabilidade do comprometimento com os gatilhos.

Essas medidas ou modificações nas diretrizes do Fed para as taxas de juros podem ser implementadas no futuro, para dar mais clareza ou acrescentar acomodação ao controlar as expectativas do mercado. Consta na ata do Fed que mudanças nas diretrizes podem ocorrer juntamente com a primeira redução nas compras mensais de ativos do banco central.

O documento deixou claro que os membros do Fed ainda esperam encerrar o programa de compras de bônus nos próximos meses. Se o programa deixar de ser eficaz antes de uma melhora substancial no mercado de trabalho, o Federal Reserve pode preferir encerrá-lo e encontrar outra forma de estimular a economia.

Outro ponto importante da ata foi a volta da discussão sobre a taxa cobrada pelo Fed aos bancos que mantêm suas reservas no banco central (Ioer, na sigla em inglês). Alguns economistas acreditam que ela deve ser reduzida para motivar empréstimos. A ideia não ganhou muito apoio no passado, mas voltou à cena. A maioria dos membros do Fed acredita que a redução na taxa pode ser válida em algum ponto, apesar de os benefícios dessa medida serem considerados pequenos.

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O Fed continua amplamente projetando uma melhora na atividade econômica. Apesar de ainda existirem riscos ao mercado de trabalho e à economia, na avaliação dos membros do banco central eles diminuíram desde a reunião anterior.

Informação demais.

Para Bret Barker, gestor de ativos da TCW, o Fed está fornecendo informações demais. De acordo com ele, a ata da última reunião de política monetária do Fed, divulgada ontem, cria mais confusão do que dá uma sinalização ao investidor.

Barker observou que os fatores que determinam o ritmo do relaxamento quantitativo da política monetária parecem estar mudando sempre.

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Meses atrás, as atas das reuniões do Fed enfatizavam a relação custo/benefício das compras de bônus; mais tarde, o fator crucial era a tendência de crescimento da economia; e agora, fala-se na possibilidade de reduzir o programa de estímulo antes mesmo que a perspectiva da economia melhore.

"Isso leva as pessoas a pensarem em quanta credibilidade tem esse programa, e em qual é realmente seu objetivo", disse Barker. Ele mantém a previsão de que o Fed só começará a reduzir as compras de bônus depois da reunião de março e disse que está evitando comprar Treasuries de 10 e de 30 anos.

Segundo ele, o atual movimento de venda dos Treasuries de prazos mais longos não resulta de temores quanto à inflação, mas da demanda de maior compensação em relação ao risco associado à política do Fed.

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/ DOW JONES NEWSWIRESTom.

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