Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a justificativa dos diretores do Banco Central para a elevação da taxa básica de juros da economia - Selic - de 15,25% para 15,75% ao ano foi o cumprimento da meta de inflação de 4% para este ano, que poderia estar comprometida. "O aumento do núcleo da inflação nos últimos meses, a inflação observada acima das expectativas e as incertezas quanto ao grau de repasse da depreciação cambial recente, dada a aceleração do ritmo de atividade econômica quando tomados em conjunto indicam que há riscos para o cumprimento da meta de 4% para a inflação em 2001". Essa foi a justificativa dos diretores do BC para elevar a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual para 15,75% ao ano. De acordo com a ata, o forte crescimento da economia brasileira, no final do ano passado, prossegue nos primeiros meses deste ano. Essa tendência, entretanto, ainda não tem resultado em desequilíbrios entre oferta e demanda que afetem diretamente os índices de inflação. De acordo com os diretores do BC, o principal impacto do aquecimento da demanda nos últimos meses é observado no saldo da balança comercial. Apesar de identificarem que o efeito líquido desse aquecimento de demanda traduziu-se na ampliação do déficit comercial brasileiro em US$ 360 milhões nos primeiros dois meses do ano, quando comparado com o mesmo período do ano passado, os diretores do Banco Central acreditam que a perspectiva para o segundo e terceiro trimestre do ano é de melhora dos saldos comerciais, puxado principalmente pelo início do período de embarques da safra agrícola.