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Ata sinaliza queda menor da Selic, dizem estrangeiros

Analistas de bancos do exterior acreditam que os cortes passarão de 0,5 ponto porcentual para 0,25 ponto porcentual, e que a taxa encerre o ano em 14%

Por Agencia Estado
Atualização:

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira, sinaliza claramente uma redução do ritmo do corte de juros taxa básica de juros, a Selic, de 0,5 ponto porcentual para 0,25 ponto porcentual, segundo a avaliação de analistas de bancos estrangeiros. Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, observa que o tom do documento não difere muito da ata da reunião anterior do Copom. "Talvez ela seja apenas marginalmente mais conservadora, simplesmente porque já foi realizado um relaxamento monetário significativo - estamos nos aproximando do nível neutro das taxas - e o impacto sobre a demanda agregada e a inflação exercido por outras políticas expansionárias ainda precisa se materializar", disse Ramos. "Daí a necessidade de se guardar contra o risco de se perceber apenas depois que um excessivo relaxamento monetário foi implementado." Isso, segundo o analista, significa que o Banco Central deverá ser "parcimonioso" na implementação de novos cortes nos juros. "Estamos claramente entrando nas últimas interações do ciclo de relaxamento iniciado em setembro de 2005, que já reduziu a Selic em 5 pontos", disse. "A visão cautelosa da ata sobre os motores da inflação futura e seus riscos inerentes podem ser o prelúdio para uma redução da magnitude dos cortes da taxa de 0,5 ponto porcentual para para 0,25 ponto porcentual por reunião." Com base nessa avaliação, o Goldman Sachs prevê agora mais três cortes de 0,25 ponto porcentual na Selic, levando-a a 14% até o final deste ano. Maior Parcimônia Já o economista sênior do banco Dresner Kleinwort, Nuno Camara, disse que ata reforçou a sua aposta num corte de 0,25 ponto porcentual na Selic em agosto. "A visão macro do BC sobre o crescimento e inflação permaneceu inalterada em relação à ata de maio mas houve uma significativa mudança de linguagem pois as taxas parecem estar agora próximas do equilíbrio", disse Camara. "Diante desse cenário, o BC sinalizou que o ciclo monetário provavelmente será mais gradual a partir de agora." Segundo o analista, a exemplo da ata de maio, o BC ressaltou que o grosso dos cortes na Selic ainda terá quer ser sentido pela economia, como também o impacto da alta do salário mínimo e da expansão fiscal. Por isso, acrescentou, as autoridades monetárias acreditam que a melhor estratégia é continuar com o relaxamento monetário "com maior parcimônia". Camara observa que é justamente a palavra "maior" que reforça a aposta de que os cortes passarão a ser de 0,25 ponto porcentual. "Embora possamos estar colocando ênfase demais em apenas uma palavra, acreditamos que tecnicamente essa estratégia faz sentido", disse. "Além disso, e mais importante, o BC tem sido extremamente transparente, emitindo mensagens muito claras e desta vez a mensagem é muito clara." Camara manteve também sua previsão de que a Selic fechará 2006 em 14%.

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