O Centro de Convenções do Anhembi se transforma hoje em território oficial da Organização das Nações Unidas, a ONU. Às 9h, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento), Rubens Ricupero, hastearam a bandeira da ONU em frente ao auditório Elis Regina, no Anhembi, dando início à 11ª reunião quadrianual da Unctad. A partir da cerimônia de hasteamento da bandeira, o Anhembi será considerado território da ONU, até o fim da conferência, no dia 18 de junho. Acadêmicos, diplomatas e chefes de Estado vão se reunir no Anhembi durante a próxima semana para discutir os rumos da globalização, das negociações comerciais e da redução da pobreza. A conferência vai reunir no mesmo local grupos que vêm acumulando divergências nos últimos tempos. De um lado, estarão representantes de países como Brasil, Índia e China, que discutem o impasse das negociações comerciais e os males do protecionismo. Do outro estarão Robert Zoellick, representante dos EUA para o Comércio, e Pascal Lamy, comissário europeu de Comércio, pressionando por avanços na agenda de reivindicações dos países ricos. A conferência marca o aniversário de 40 anos da criação do G-77, o grupo dos países mais pobres do mundo, e também da fundação da Unctad. "Os fundadores da Unctad, os economistas Raul Prebisch e Celso Furtado, vieram da América Latina, e é muito positivo que o aniversário da entidade seja comemorado aqui em São Paulo", disse Awni Behnam, porta-voz da Unctad. "O Brasil é um modelo de desenvolvimento para os países em desenvolvimento." Agenda Hoje, amanhã e domingo, realizam-se eventos paralelos à conferência. A abertura oficial do evento será na segunda-feira. O G-77 (que hoje inclui 132 países) faz hoje, no Anhembi, um encontro ministerial para avaliar os 40 anos de atuação do grupo, com participação do embaixador Nassir Abdulaziz Al-Nasser, representante permanente de Catar na ONU e presidente do conselho do G-77. No sábado, está prevista a chegada do secretário-geral da ONU, Kofi Annan. No mesmo dia, membros do G-20, grupo dos países em desenvolvimento que inclui Brasil, Índia e China, reúnem-se para debater as negociações comerciais. No domingo, o ministro Amorim terá uma reunião com Zoellick e Lamy. Também no domingo haverá uma reunião entre representantes do Mercosul e da União Européia. Na segunda-feira é esperada a visita de Supachai Panitchpakdi, diretor geral da Organização Mundial de Comércio. Protestos Organizações não-governamentais aproveitam a oportunidade para protestar. A Oxfam - uma ONG dedicada ao combate à pobreza - publica hoje o relatório "A Armadilha da Pobreza Rural", onde argumenta que o comércio internacional não ajudou as populações pobres. "O comércio mundial continua a falhar em relação aos mais pobres e as negociações globais estão em crise", disse em uma declaração Katia Maia, chefe da delegação da Oxfam. Ela defende a Unctad, acusada por muitos de ter uma ação inócua. "A Unctad pode não formular as regras do comércio mundial, mas tem influência sobre aqueles que as fazem", afirmou.