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'Até o fim de semana, a situação irá se normalizar'

Presidente da Raízen, segunda maior distribuidora do País, diz que empresas agiram para identificar os pontos frágeis de abastecimento pelo Brasil

Por Monica Scaramuzzo
Atualização:
Luis Henrique Guimarães ainda não vê com preocupação a paralisação dos petroleiros, deflagrada nesta terça-feira, 29 Foto: FOTO: CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO

Segunda maior distribuidora de combustíveis do País, a Raízen (joint venture entre Cosan e Shell) acredita que o abastecimento vai ser normalizado nos próximos dias, após dez dias de greve dos caminhoneiros. Luís Henrique Guimarães, presidente da companhia, ainda não vê com preocupação a paralisação dos petroleiros, deflagrada na última terça-feira, 29. A seguir os principais trechos da entrevista.

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Como as distribuidoras reagiram à crise? A Raízen se mobilizou rapidamente, acionando seu plano de gestão de crise. Todos os setores aqui da empresa começaram a acompanhar em tempo real os pontos frágeis para identificar os problemas. Intensificamos as conversas com autoridades e começamos a nos preparar para a entrega do combustível quando as estradas e terminais fossem liberados. Alguns Estados, como Ceará e Pará, tiveram reação muito rápida, por exemplo. Outros, como São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Sul do País demoraram mais.

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Quanto tempo ainda demora para o abastecimento voltar ao normal?  Depende da região. As pessoas não têm ideia do impacto que (a greve) tem para a cadeia. Retomar tudo isso demora. Acredito que, agora, com o feriado prolongado, o fluxo seja mais rápido. Até o fim de semana, a situação irá se normalizar. Há regiões que foram mais afetadas, como a de Betim (MG), por exemplo. Nosso trabalho agora é reorganizar estoques. Os consumidores nem sempre se dão conta porque o produto está sempre lá nos postos. Por trás disso tudo tem um trabalho enorme. Temos câmeras em todos os caminhões monitorando – quando pegam infrações que eventualmente são cometidas – informam as transportadoras.

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O sr. vê a greve dos petroleiros com preocupação? Não. O que foi das refinarias para as distribuidoras, em sua grande maioria, é via duto. Segundo ponto é que a Petrobrás tem enorme competência para conduzir essa crise. Minha percepção é que a Petrobrás vai conduzir bem este assunto. Não é uma questão de pânico. A Raízen vai fazer sua parte. 

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Como a Shell recebeu a notícia da crise? Não muda a percepção deles sobre o Brasil. A Shell está há mais de 100 anos no País e movimentos como esses acontecem, assim como em outros mercados. Estão acompanhando o desenrolar disso e acreditam na capacidade da companhia de conduzir bem a questão.

Como foram as conversas das distribuidoras em Brasília? Todas tentaram administrar a situação: saber quais eram os locais mais frágeis. Houve uma conjunção de energia ali para resolver este problema, que tem propiciado o que estamos vendo hoje e está melhorando em relação aos últimos dias.

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Quais foram as perdas da Raízen? O importante destacar é que a Raízen tem cerca de 6.300 revendedores que defendem a nossa marca (Shell) em todo País. As perdas foram representativas, mas não temos a magnitude (o faturamento da Raizen Distribuidora é de cerca de R$ 8 bilhões por mês). 

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Como a discussão tributária deve ser conduzida? Mercados mais desenvolvidos se estruturaram para quando os preços das commodities estão baixos e altos, com câmbio ou não valorizado. Eles criaram impostos para ter um colchão para quando o petróleo subir e poder amortecer o impacto com a queda de impostos. Vários países, ao longo da história, souberam poupar e tiveram liderança para poderem conduzir questões como essa. Quando o petróleo caiu e o cambio estava subvalorizado, é uma situação. Mas quando sobe, tem de ter uma reserva para poder queimar. A discussão futura tem de ser de criar mecanismos para que se possa poupar para poder gastar nos momentos como estamos vivendo agora. Tivemos várias crises de petróleo e saber reagir nestes momentos é fundamental.

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Quais outros negócios da Raízen foram afetados? A parte agrícola, tivemos de reduzir ou parar. Das 24 usinas de cana, no pico da crise, só metade estava funcionando.

Correções

Segunda maior distribuidora de combustíveis do País, a Raízen (joint venture entre Cosan e Shell) acredita que o abastecimento vai ser normalizado nos próximos dias, após dez dias de greve dos caminhoneiros. Luís Henrique Guimarães, presidente da companhia, ainda não vê com preocupação a paralisação dos petroleiros, deflagrada ontem. A seguir os principais trechos da entrevista. <MC>Como as distribuidoras reagiram à crise? <MC>A Raízen se mobilizou rapidamente, acionando seu plano de gestão de crise. Todos os setores aqui da empresa começaram a acompanhar em tempo real os pontos frágeis para identificar os problemas. Intensificamos as conversas com autoridades e começamos a nos preparar para a entrega do combustível quando as estradas e terminais fossem liberados. Alguns Estados, como Ceará e Pará, tiveram reação muito rápida, por exemplo. Outros, como São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Sul do País demoraram mais. <MC>Quanto tempo ainda demora para o abastecimento voltar ao normal?  <MC>Depende da região. As pessoas não têm ideia do impacto que (a greve) tem para a cadeia. Retomar tudo isso demora. Acredito que, agora, com o feriado prolongado, o fluxo seja mais rápido. Até o fim de semana, a situação irá se normalizar. Há regiões que foram mais afetadas, como a de Betim (MG), por exemplo. Nosso trabalho agora é reorganizar estoques. Os consumidores nem sempre se dão conta porque o produto está sempre lá nos postos. Por trás disso tudo tem um trabalho enorme. Temos câmeras em todos os caminhões monitorando – quando pegam infrações que eventualmente são cometidas – informam as transportadoras. <MC>O sr. vê a greve dos petroleiros com preocupação? <MC>Não. O que foi das refinarias para as distribuidoras, em sua grande maioria, é via duto. Segundo ponto é que a Petrobrás tem enorme competência para conduzir essa crise. Minha percepção é que a Petrobrás vai conduzir bem este assunto. Não é uma questão de pânico. A Raízen vai fazer sua parte.  <MC>Como a Shell recebeu a notícia da crise? <MC>Não muda a percepção deles sobre o Brasil. A Shell está há mais de 100 anos no País e movimentos como esses acontecem, assim como em outros mercados. Estão acompanhando o desenrolar disso e acreditam na capacidade da companhia de conduzir bem a questão. <MC0>Como foram as conversas das distribuidoras em Brasília? </MC><MC0>Todas tentaram administrar a situação: saber quais eram os locais mais frágeis. Houve uma conjunção de energia ali para resolver este problema, que tem propiciado o que estamos vendo hoje e está melhorando em relação aos últimos dias. <MC>Quais foram as perdas da Raízen? <MC>O importante destacar é que a Raízen tem cerca de 6.300 revendedores que defendem a nossa marca (Shell) em todo País. As perdas foram representativas, mas não temos a magnitude (o faturamento da Raizen Distribuidora é de cerca de R$ 8 bilhões por mês).  <MC>Como a discussão tributária deve ser conduzida? <MC>Mercados mais desenvolvidos se estruturaram para quando os preços das commodities estão baixos e altos, com câmbio ou não valorizado. Eles criaram impostos para ter um colchão para quando o petróleo subir e poder amortecer o impacto com a queda de impostos. Vários países, ao longo da história, souberam poupar e tiveram liderança para poderem conduzir questões como essa. Quando o petróleo caiu e o cambio estava subvalorizado, é uma situação. Mas quando sobe, tem de ter uma reserva para poder queimar. A discussão futura tem de ser de criar mecanismos para que se possa poupar para poder gastar nos momentos como estamos vivendo agora. Tivemos várias crises de petróleo e saber reagir nestes momentos é fundamental. <MC>Quais outros negócios da Raízen foram afetados ? <MC>A parte agrícola, tivemos de reduzir ou parar. Das 24 usinas de cana, no pico da crise, só metade estava funcionando.  

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