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Atente aos juros embutidos nas compras à vista

Apesar de o comércio afirmar que o valor da compra a prazo "sem juros" é o mesmo da compra à vista, custos financeiros são cobrados, ou seja, os juros estão embutidos nas parcelas.

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, é taxativo ao afirmar que não existe venda a prazo sem juros. "Se os consumidores pesquisarem com atenção, podem notar que os preços dos produtos são menores nas lojas que não vendem a prazo pelos mesmos preços da venda à vista", afirma. De acordo com a avaliação de Oliveira, para o lojista é mais vantajoso insistir em parcelar o pagamento porque há um custo financeiro embutido neste tipo de crédito. "O consumidor, por sua vez, está mais interessado no valor da prestação que vai pagar do que em pedir desconto na venda à vista", diz. O coordenador técnico do Grupo de Atividades em Finanças do Varejo do Provar (FIA-USP), José Carlos de Souza Filho, confirma que cada vez mais a venda à vista com desconto deixa de existir por incentivo das facilidades que o lojista encontra para oferecer pagamento parcelado. "Além disso, o uso desses diferentes meios de pagamento traz incremento às vendas, principalmente em setores como vesturário e gastronomia", avalia o coordenador. Souza Filho acrescenta, no entanto, que os lojistas arcam com custos altos para poder contar com recursos que lhes garantam menores riscos de inadimplência dos clientes. Ele lembra ainda que, por lei, o pagamento por meio de cartão de crédito corresponderia a uma operação de venda à vista. "Por isso, o lojista acaba num impasse: se oferecer o desconto à vista, corre o risco de ter de receber esse valor no cartão, o que implicará um gasto operacional de cerca de 3,5%", explica. Nas contas do especialista, considerando a economia do custo operacional do cartão ou das operações com cheque pré-datado, o lojista poderia oferecer cerca de 5% de desconto para as vendas à vista e recuperar parte dessa redução em aplicações de curto prazo. "É uma chance de aproveitar o chamado custo de oportunidade, capitalizando o dinheiro não gasto à vista", conclui.

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