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Atento à crise na Europa, dólar fecha mês a R$1,81

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Por Silvio Cascione
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A decisão dos principais bancos centrais do mundo de baratear o crédito para enfrentar a crise da zona do euro provocou a queda de 2 por cento do dólar nesta quarta-feira, com a moeda terminando um volátil mês de novembro na casa de 1,80 real. Mas o alívio deve ser apenas temporário, com o câmbio ainda dependente da crise global --sujeito, portanto, a solavancos. A moeda norte-americana fechou cotada a 1,8128 real para venda, em baixa de 2 por cento. Em novembro, o dólar teve valorização de 6,47 por cento. "A nossa projeção é de 1,80 (real) para o final do ano. Mas daqui até lá é simplesmente um jogo de pôquer", disse o economista-chefe no Brasil da corretora Raymond James, Mauricio Rosal. "Depende basicamente da situação na Europa. Hoje está 1,80 (real), amanhã pode estar 1,70, 1,90 (real). A gente está numa situação extremamente volátil e deve permanecer aí um bom tempo." Os principais bancos centrais do mundo, incluindo o Federal Reserve (dos Estados Unidos) e o Banco Central Europeu (BCE), anunciaram nesta quarta-feira a redução das taxas cobradas em operações de liquidez em dólares. O objetivo da medida era ajudar bancos europeus, que têm enfrentado dificuldades cada vez maiores para manter-se solventes em meio à desconfiança sobre as contas públicas de países como Itália e Espanha. O banco central chinês também animou os investidores ao reduzir os depósitos compulsórios -parcela dos depósitos dos bancos que fica presa na autoridade monetária. Embora os mercados tenham reagido rapidamente -com alta de mais de 3 por cento das bolsas norte-americanas-, a ação coordenada pode ter apenas ganhado tempo para que os governos apresentem planos mais concretos para garantir a captação de recursos pelos países europeus mais endividados. De acordo com Rosal, a reunião de cúpula da União Europeia em 9 de dezembro é importante porque pode "abrir uma janela para uma participação mais efetiva do Banco Central Europeu (BCE) no controle da crise". A Alemanha se opõe à ideia, mas uma pesquisa da Reuters com 25 analistas mostrou que a maioria -16 deles- aposta que a autoridade monetária europeia acabará sendo um emprestador de última instância. No Brasil, o Banco Central (BC) tem assistido ao vaivém do mercado sem intervir, por ora. A última atuação do BC ocorreu em 28 de outubro, quando fez um leilão de swap cambial, que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro. O fluxo de capitais ao país também não tem sido fortemente prejudicado pela crise externa, com saldo positivo de 686 milhões de dólares em novembro até o dia 25. A taxa Ptax, calculada pelo BC e usada como referência para os ajustes de contratos futuros e outros derivativos de câmbio, fechou a 1,8109 real para venda, em baixa de 2,04 por cento ante terça-feira.

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