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Atividade econômica continua em queda

Por Silvia Matos e Vinícius Botelho
Atualização:

Com a divulgação do resultado do PIB do segundo trimestre, fica evidente a perda de fôlego da economia durante o primeiro semestre deste ano. Parte dessa desaceleração ocorreu por conta da redução no número de dias úteis em junho (Copa do Mundo) - razão puramente estatística -, mas é importante notar que também estão ocorrendo fenômenos de natureza econômica: uma desaceleração da demanda, resultante da alta da taxa Selic; uma diminuição expressiva da compra de veículos brasileiros pela Argentina; e uma diminuição do ritmo de crescimento do produto potencial. Com uma queda de atividade tão significativa, deveríamos esperar uma recuperação mais rápida no segundo semestre, mas não é o que os dados de vendas e estoques têm indicado. A desaceleração nas vendas de imóveis e a da PMC indica que o terceiro trimestre ainda pode ser bastante fraco: apesar de o cenário ainda sinalizar um pequeno crescimento, não é possível descartar uma nova contração do PIB. A falta de feriados até dezembro deve ajudar, mas as forças econômicas estão contribuindo no sentido contrário: estamos na fase contracionista do ciclo econômico. Mas, além disso, há outra questão importante que precisamos avaliar: em torno de qual potencial de crescimento o nosso ciclo econômico se situa? Considerando um cenário relativamente otimista para o crescimento do PIB - 0,6% este ano e 1,5% no próximo -, a leitura do quadriênio 2011-2014 é bastante negativa, com média de crescimento de 1,4% ao ano. Curiosamente, essa é a taxa de crescimento da população de 18 a 64 anos nesse mesmo período. Portanto, mais do que a desaceleração de demanda (que esperaríamos ser temporária), a perda de ritmo da atividade é também um fenômeno estrutural, de produtividade. Com o fim do bônus demográfico, a nossa incapacidade de conseguir ganhos de produtividade piora substancialmente o quadro de crescimento nos próximos trimestres e anos seguintes.* Pesquisadores e economistas da FGV/Ibre

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