CONSUMO E INVESTIMENTO
Analistas atribuem o crescimento fraco da economia brasileira ao esgotamento do modelo de crescimento baseado no consumo e não no investimento. Segundo eles, embora já tenham sido adotadas algumas medidas que poderiam ajudar a reverter a situação --como as concessões de infraestrutura--, elas vieram tarde demais para evitar que a economia sofra em 2014 e 2015.
O impacto da Copa do Mundo no Brasil sobre os indicadores econômicos tem se mostrado mais negativo do que esperavam os economistas. Os últimos indicadores relativos a junho e julho, principalmente aqueles relacionados ao varejo e à indústria, têm mostrado que o Mundial mais atrapalhou do que ajudou, pelo menos durante o período.
As expectativas dos economistas para a produção industrial também têm sido golpeadas. No início do ano, o Focus mostrava expansão da indústria de 2,20 por cento neste ano e 2,89 por cento no próximo. Agora, a previsão é de contração de 1,98 por cento em 2014 e crescimento de 1,50 por cento em 2015.
A condução da política econômica do governo da presidente Dilma Rousseff, que tentará a reeleição em outubro, tem sido criticada por agentes do mercados financeiro. Contudo, mesmo no caso de sua vitória na corrida presidencial, economistas esperam mudanças de rumo.
"O mercado está apostando que, independentemente de quem for eleito, o próximo ano vai ser um ano de ajuste", afirmou o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani.
O principal canal em que esse ajuste se concentraria, segundo analistas, são as contas públicas. O raciocínio é que como a atividade fraca limita o espaço para que a inflação seja combatida com alta dos juros, o governo seria obrigado a apertar os gastos.
Isso permitiria que a economia mostrasse recuperação nos próximos anos, com a inflação em queda, apesar de ainda na casa dos 5 por cento.
Segundo o Focus, a atividade deve expandir 2,32 por cento em 2016 e 3,0 por cento nos dois anos seguintes. Já o IPCA iria a 5,50 por cento em 2016 e 2017 e a 5,17 por cento em 2018.