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Atividade na indústria paulista sobe 0,8% em janeiro

Nível de Utilização da Capacidade Instalada ficou em 78% no primeiro mês do ano

Por Agencia Estado
Atualização:

O Indicador do Nível de Atividade (INA) da indústria paulista subiu 0,8% em janeiro ante dezembro, com ajuste sazonal, informaram nesta quinta-feira, 1º, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). Ante janeiro do ano passado, o indicador subiu 4,2%, sem ajuste sazonal. O Levantamento de Conjuntura divulgado pelas entidades empresariais apresentou as seguintes oscilações no conjunto das variáveis, em janeiro ante o mesmo mês de 2006: total de horas pagas, 6,5%; horas trabalhadas na produção, 5,6%; horas médias trabalhadas, -1,9%; total de salários nominais, 16%; total de salários reais, utilizando como deflator IPC-Fipe, 12,9%; salário real médio, 4,9%; total de vendas nominais, 9,5%; total de vendas reais, usando como deflator o IPA setorial, 7,1%. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) ficou em 78% em janeiro. A Fiesp e o Ciesp informaram ainda que a partir deste mês o resultado do INA para indústria paulista de transformação passou a ser calculado com base nos pesos da Pesquisa Industrial Anual (PIA) produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, cujo último levantamento é de 2004, substituindo, assim, os dados que eram utilizados referentes a 2000. Sem ajuste Sem o ajuste sazonal, o desempenho do Indicador do Nível de Atividade da indústria de transformação paulista ficou negativo em 3,5% em janeiro ante dezembro. Os diretores dos Departamentos de Economia da Fiesp, Paulo Francini, e do Ciesp, Antonio Corrêa de Lacerda, lamentaram o resultado. "O que vemos é a continuidade do baixo dinamismo do nível de atividade da indústria. São quatro ou cinco meses de lengalenga", disse Lacerda. "A atividade de janeiro não caiu tanto quanto normalmente cai, mas o resultado não traz também nenhum dado expressivo, de mudança, do que tem ocorrido ao longo dos últimos meses", reiterou Francini. A alta de 4,2% em relação a janeiro do ano passado, sem ajuste sazonal, também foi relativizada pelos especialistas. Lembraram que a base comparativa é extremamente baixa, uma vez que, se tomada a trajetória do comportamento do INA no ano passado, o indicador estava num de seus piores momentos em janeiro de 2006. "Há ainda a influência dos estoques, que estão altos", adicionou Francini. Segundo o diretor da Fiesp, o crescimento da atividade industrial verificado no último trimestre de 2006 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não foi acompanhado pelo comportamento do INA, já que as vendas permaneceram fracas. Somente agora, com meses de atraso, a atividade da indústria reage à alta da produção, pois os estoques foram comercializados. Câmbio Ao iniciar a coletiva para comentar o INA, Francini foi logo avisando os jornalistas: "Não faremos comentários sobre economia nacional, nada sobre juros e nada sobre câmbio, porque nada mudou e não queremos ser repetitivos e cansarmos os ouvidos de vocês com coisas que já foram ditas". Minutos depois, não se conteve, e voltou a criticar a política monetária e os efeitos provocados pelo câmbio valorizado. "Existe uma inércia na taxa de câmbio, os efeitos de valorização não são imediatos. Há importações oportunistas, caso de bens de consumo como os sapatos, que não são feitas pelas grandes cadeias varejistas, mas de pequenos importadores que se aproveitam do câmbio valorizado para colocar seus produtos por um preço baixo", começou a explicar. Segundo Francini, com o passar dos meses e dos anos, a manutenção do câmbio valorizado acaba por estimular as grandes cadeias a buscarem substituição de produtos feitos localmente pelos importados. "Deixam de ser fabricados aqui produtos de maior sofisticação técnica, em troca por importados", argumentou. "Esse é um movimento que acontece paulatinamente, que vai corroendo a produção, levando as cadeias a substituírem a produção local." Na mesma linha crítica, Lacerda também reclamou dos efeitos da valorização cambial. Ele citou, por exemplo, que diferentemente do que alardeia o governo federal, a apreciação do real ante o dólar já influencia as exportações do País. "O quantum de exportação tem crescido menos: saiu de alta de 19,3%, em 2004, para 3,6%, em 2006. O ritmo de crescimento das exportações está em franca queda", enfatizou. Segundo o diretor do Ciesp, a sustentação dos recordes de balança comercial registrados pelo País decorrem exclusivamente da alta de preços internacionais das commodities. "A demanda (por commodities) é crescente e os preços são crescentes e, por isso, se gera um resultado favorável", atacou. Para os representantes da indústria paulista, não apenas a atuação do Banco Central de manter os juros elevados compromete a taxa de câmbio, mas também as políticas fiscal e tributária do governo impedem que o País privilegie ações de investimento e de desenvolvimento. "A indústria de transformação é um elemento fundamental para o País ingressar no desenvolvimento", insistiu Francini. "Existe um espaço tremendo para a queda dos juros e as oportunidades estão dadas no cenário internacional. É preciso avançar nas políticas públicas, principalmente na política industrial", cobrou Lacerda, admitindo, entretanto, que o pleito está longe de ser "novo". Matéria alterada às 17h05 para acréscimo de informações

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