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Ativista que jogou torta desconhece a Unctad, diz Ricupero

Por Agencia Estado
Atualização:

Bem-humorado e rindo, o secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), Rubens Ricupero, garantiu que não se sentiu agredido pelo gesto da ativista do grupo Confeiteiros Sem Fronteiras que arremessou - e errou - uma torta contra ele quando fazia palestra na Universidade de Brasília (UnB). Ricupero afirmou que o episódio provocou mais interesse em relação à palestra, "que talvez estivesse chata", e a tornou mais informal. Ele afirmou que, provavelmente, os ativistas não sabem que a Unctad, entre todas as organizações internacionais, é a que tem as posições mais críticas em relação à globalização e não é muito popular no FMI. "Há países que sempre quiseram acabar com a Unctad, e eles não são os do Sul", afirmou. "Eles (os confeiteiros) escolheram o inimigo errado. O inimigo não está aqui, ele está do outro lado". Sobre economia, o secretário-geral da Unctad afirmou que o Brasil deveria liberar o comércio somente depois de ajustar as taxas de juros e de câmbio. Ele defendeu um ajuste na meta de inflação para garantir juros menores. "A prioridade é usar qualquer espaço na meta de inflação para reduzir a taxa de juros. Com isso, se geraria espaço para redução automática da taxa de câmbio", disse. Para ele, a taxa de câmbio ideal seria em torno de R$ 3,10 ou R$ 3,20 por dólar. Ricupero disse que o Brasil já perdeu várias oportunidades de baixar a taxa de juros, como em janeiro do ano passado. Ricupero criticou a obsessão que, segundo ele, existe na opinião pública em relação às negociações para formação da Alca e de um bloco Mercosul-União Européia e sobre as negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). Avaliou que o Brasil deveria estar mais concentrado no que ele chama de "geração de oferta por aumento de competitividade". Lembrou que as exportações estão concentradas em commodities e que esses produtos não são considerados dinâmicos do ponto de vista de comércio exterior. "Precisamos nos preocupar mais com a oferta, que é uma questão ausente na agenda", disse. "Não há vergonha em se exportar matérias-primas, mas elas têm de ser uma alavanca para agregar valor na cadeia de produção."

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