PUBLICIDADE

Publicidade

Audi depõe e Planalto fica em alerta

Gilberto Carvalho, assessor especial da Presidência, é escalado para coordenar defesa do governo no caso Varig

Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa e BRASÍLIA
Atualização:

O caso Varig tem um depoimento chave agendado para esta semana, quando podem ficar mais claras as relações do advogado Roberto Teixeira com o Planalto e o quanto ele foi decisivo na autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para a compra da VarigLog e da Varig e, depois, a venda da Varig para a Gol. Está marcado para quarta-feira, na Comissão de Infra-estrutura do Senado, o depoimento do empresário Marco Antônio Audi. O chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, foi destacado pelo Planalto para se dedicar quase exclusivamente à tarefa de ajudar o governo a se defender das denúncias da ex-diretora da Anac Denise Abreu, que acusou a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, de pressioná-la para agilizar a venda da Varig. Audi disse ao Estado que "a influência de Roberto Teixeira foi 100% decisiva" para que ele, em sociedade com mais dois empresários brasileiros - Marcos Haftel e Luiz Gallo - e o fundo de investimentos norte-americano Matlin Patterson, comprasse a VarigLog e a Varig. Gilberto Carvalho disse que o Planalto não vai interferir na relação entre Teixeira, amigo e compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e Marco Antônio Audi. "A nossa regra é muito clara: parente e amigo, aqui, passam por uma peneira de fio duplo'', afirmou Carvalho ao Estado. O chefe de gabinete lembrou que Lula não criou obstáculos nem mesmo para a investigação da Polícia Federal envolvendo seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, acusado de tráfico de influência, no ano passado. Na ocasião, a PF chegou a vasculhar a casa de Vavá, em São Bernardo do Campo. "Se o presidente não fez nada pelo irmão, por que há de fazer pelo compadre?", indagou. Carvalho contou que Teixeira telefonou para ele, na segunda-feira, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo - onde foi internado para uma angioplastia -, e ofereceu informações sobre a venda da Varig para rebater as acusações de Denise e Audi. "Agradeci, mas disse que não precisava", afirmou. "Eu mesmo conversei com várias pessoas e ajudei a reunir documentos para comprovar que a tese da Denise não tinha sentido. O governo foi atacado e agiu em legítima defesa." Audi disse que pagou R$ 5 milhões a Teixeira para "resolver o problema", que era convencer a Anac a não contestar a origem do dinheiro investido e a composição societária dos compradores da VarigLog. Além disso, como confessou em carta de cobrança de honorários, Teixeira lembrou que teve "êxito integral" ao "livrar o grupo da sucessão das dívidas trabalhistas " da Varig. Parte de técnicos da Anac avaliava que os compradores não podiam ficar livres das dívidas. Aliviado com o depoimento da ex-diretora da Anac, que, na avaliação de Lula, foi igual a uma "laranja sem caldo", o Planalto tem, porém, uma preocupação extra como depoimento de Audi, que virou inimigo de Teixeira. O discurso do governo é que não há o que temer, uma vez que nada pode respingar em Lula, já que o negócio foi amparado por decisões judiciais. Os articuladores políticos do Planalto atribuem as acusações de Audi a uma "guerra empresarial" entre o fundo Matlin Patterson, liderado pelo sino-americano Lap Chan, e os três sócios brasileiros da Volo do Brasil, que comprou a VarigLog. "Roberto Teixeira jura que não recebeu esses US$ 5 milhões e vai processar o Audi. Se houver alguma coisa contra Teixeira, que por acaso é compadre do Lula, trata-se de uma relação comercial entre cliente e advogado. O governo não tem nada com isso", insistiu Carvalho.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.