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Aumenta a cautela dos investidores internacionais

Mais cautelosos, eles também diminuíram o tempo para colher resultados

Por Agencia Estado
Atualização:

A primeira pesquisa mensal realizada pelo banco Merrill Lynch junto a gestores de fundos de investimentos após a correção que atingiu os mercados financeiros no dia 27 de fevereiro constatou um forte recuo no apetite por risco, mas também uma manutenção da aposta de um quadro positivo para a economia mundial neste ano. Os gestores elevaram as posições em dinheiro de seus portfólios de 3,8% para 4,4%. Cerca de 30% dos entrevistados afirmaram que mantêm no momento posições "overweight´ (acima da média) para suas alocações em dinheiro. O Indicador Composto para Apetite de Risco do Merrill Lynch declinou cinco pontos neste mês, atingindo um de seus menores níveis dos últimos cinco anos. A pesquisa também indicou que o horizonte de tempo para investimentos trabalhado pelos gestores é de apenas sete meses, o mais curto dos últimos quatro anos. "A visibilidade para o investidores está em seu pior estado desde meados desde o primeiro semestre de 2003, quando o Iraque foi invadido e os temores de uma deflação global eram elevado", disse David Bowers, consultor independente do Merrill Lynch. "O mais interessante é a extensão que o movimento de venda de ativos reflete uma reavaliação mais fundamental da perspectiva macroeconômica mundial pelos investidores." Mas a pesquisa constatou que a queda nas bolsas de valores dos principais países desenvolvidos não fez com que os investidores alterassem suas avaliações para a economia mundial. Embora estejam levemente mais cautelosos com as perspectivas para o crescimento econômico e os lucros corporativos, apenas 10% dos entrevistados acreditam que uma recessão é provável nos próximos doze meses. O levantamento sinalizou que a maioria dos gestores ainda aposta no mercado acionário, com 34% dos gerentes de portfólios considerando improvável que as bolsas de valores estarão abaixo de seus atuais níveis em seis meses. Em fevereiro, essa parcela era de apenas 15%. Cerca de 25% dos entrevistados pretende elevar sua exposição a ações nos próximos três meses. Jason Daw, estrategista para o mercado cambial do Merrill Lynch, disse que os atuais movimentos nos mercados sinalizam a continuidade da desmontagem de operações de carregamento (carry trades) financiadas pelo iene ao longo de 2007. Segundo ele, a cotação da moeda japonesa deverá ser fortalecida diante do dólar, atingindo 107 ienes. Segundo Daw, essa avaliação é sustentada pela a atual tendência de aperto monetário em vários países ricos e o aumento da volatilidade cambial. "São dois fatores que têm causado historicamente a desmontagem de carry trade", disse. Emergentes e Brasil A pesquisa constatou também um ambiente de maior cautela com os países emergentes. Para 39% dos entrevistados, as perspectivas para os lucros das corporações emergentes vão se "deteriorar levemente" nos próximos doze meses. Em fevereiro, essa parcela era de apenas 11%. Outras 39% apostam que as perspectivas vão "melhorar levemente", ante os 78% que tinham essa avaliação no mês passado. As recomendações "overweight" para as ações brasileiras caíram de 85% para 67%, mas ainda são as maiores entre os emergentes, seguidas pelas da Coréia do Sul, com 50%. Um total de 199 gerentes de fundos, com ativos somados de US$ 668 bilhões, participaram da pesquisa entre 9 e 15 de março.

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