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Aumentam as oportunidades para os recém-formados

Setores que estavam sem contratar agora recrutam pessoal nas faculdades

Por Eduardo Nunomura
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Quando Bianca, Sergio, Gustavo e Leandro entraram na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, entre 2002 e 2003, a engenharia não estava em alta, faltavam bons empregos e muitos formandos iam trabalhar no mercado financeiro. Agora, na vez deles, banco é opção, não uma necessidade. Um engenheiro recém-formado que vai trabalhar na General Motors ganha R$ 3,2 mil. É o caso de Bianca Ito e Sergio Katsumi Beppu. Eles entraram ano passado na montadora, como estagiários, e antes de concluir o curso na Poli foram contratados. O processo seletivo para estagiário da GM teve 8 mil inscrições e cerca de 150 deles foram aprovados. "Já houve época em não havia efetivações. Agora, oportunidades não faltam", diz Bianca, de 26 anos, feliz em trabalhar no setor automobilístico. "A rotatividade tem sido muito alta, mesmo para quem já está empregado", afirma Sergio, de 24, que está entusiasmado em poder desenvolver carros globalizados, com equipes de outros países. A indústria automobilística encerrou o ano com 1,196 milhão de empregados, vendas para o mercado interno de 2,450 milhões e produção de 2,975 milhões, ambos recordes históricos. Em 2008, a Anfavea, entidade da categoria, projeta vender 2,880 milhões no País e produzir 3,240 milhões. Se mantivesse a média de carros produzidos por trabalhador, serão criadas mais 10,6 mil novas vagas. A LCA Consultores estima que todo o setor de material de transporte, incluindo as montadoras, vai ter de contratar 33,7 mil empregos em 2008. "Se o País crescer acima dos 5%, vamos bater a marca dos 2 milhões de empregos formais", afirma o professor de economia da Unicamp Claudio Dedecca. Especialista do mercado de trabalho, ele vê convergência nas previsões para 2008. "A não ser que venha um vendaval externo, as possibilidades de crescimento do emprego são totais." Em sua análise, o crescimento do emprego nas montadoras e construção civil são excelentes indicadores, pois acabam irradiando para outros setores da economia. E como os investimentos em maquinários ocorrem desde 2005, o Brasil vive agora o momento de incorporar essa capacidade produtiva. Foi no estágio que Augusto de Andrade Poletto, de 22, percebeu a mudança interpretada por Dedecca. Na Voith Paper, empresa líder no fornecimento de máquinas e equipamentos para o mercado produtor de papel e celulose, ele via a maioria dos pedidos direcionados para o exterior. Com a queda do dólar, em vez de crise ou demissões, o maquinário está suprindo a demanda interna. "Antes não sabia muito como seria quando me formasse, mas agora está sendo uma boa surpresa", diz o politécnico da USP. Leandro Ligeiro Gonçalves, de 22 anos, está entre os mais de 60 formandos da engenharia mecânica da Poli. Acabou de ser contratado pela AmBev. Foi um dos 35 trainees selecionados entre 48 mil candidatos. Filho de engenheiro, ele quer seguir a carreira com perfil mais administrativo. Apesar de saber das várias opções do mercado, optou pela gigante fabricante de bebidas por acreditar que é um setor com perspectivas de crescimento. Está certo: a indústria alimentícia tem impulsionado o crescimento da produção brasileira. Crescimento que tem se ramificado até para profissões consideradas mais estáveis, como a advocacia. Ubirajara Cardoso da Rocha Neto, de 24 anos, cursa o último ano de direito na Pontifícia Universidade Católica. Antes de ingressar no Mattos Filho Advogados, estagiou em quatro escritórios e num deles presenciou momentos ruins no mercado. "Vi uma demissão em massa, várias baias ficando vazias", diz. "Ao longo da faculdade, esse quadro se inverteu." O escritório Mattos Filho tem se beneficiado das fusões e aquisições empresariais, das aberturas de capital na Bolsa, do aumento de disputas jurídicas numa economia mais competitiva. Vem ampliando os escritórios de São Paulo, Rio e Brasília e abriu uma unidade em Nova York. E as contratações de estagiários vêm crescendo a taxas superiores a 20% ao ano. Em 2008, 25 formandos de faculdades de direito serão efetivados. Há três anos, foram 10.

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