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Aumentam os protestos de agricultores em Mato Grosso

Cerca de 1.500 produtores de Lucas do Rio Verde, (350 km de Cuiabá), ficaram acampados na beira da estrada com seus tratores e máquinas e queimaram uma colheitadeira na pista

Por Agencia Estado
Atualização:

Os protestos se intensificaram no eixo Nova Mutum-Sinop da BR-163, em Mato Grosso, o maior centro de produção de soja e milho do País. Mais de 100 caminhões carregados de grãos foram barrados na região. Cerca de 1.500 produtores de Lucas do Rio Verde, (350 km de Cuiabá), ficaram acampados na beira da estrada com seus tratores e máquinas e queimaram uma colheitadeira na pista. "Vende-se por R$ 1,99 mais Finame", diziam placas afixadas nos tratores. A pista ficou coberta de soja, derrubada de um caminhão que tentou furar o bloqueio. Em Nova Mutum (255 km de Cuiabá), cerca de 500 agricultores bloquearam o Banco do Brasil da cidade com tratores e colheitadeiras e impediram a entrada de clientes. Os produtores estão barrando também a saída de caminhões de soja de tradings como a Bunge, ADM e Cargill em todas as cidades da região. Na Bunge de Nova Mutum, há 26 caminhões no pátio, sem poderem partir com os carregamentos para o porto de Paranaguá, de onde seriam exportados. A região produz quase 10% da safra brasileira de grãos. Os prefeitos decretaram ponto facultativo e a maioria do comércio das cidades estava fechado. Muitas lojas tinham bandeiras pretas em sinal de luto. Movimento O movimento foi batizado de Grito do Ipiranga, por causa da cidade onde começou, Ipiranga do Norte, na quarta-feira da semana passada. Os produtores reivindicam redução de impostos sobre o óleo diesel, renegociação das dívidas com juros mais baixos do que os propostos pelo governo, mudanças na política cambial, conclusão da BR-163 e desoneração dos insumos agrícolas. Pedro Ferronato, produtor de Ipiranga do Norte, foi o idealizador do movimento. Ele planta 300 hectares de soja e está devendo R$ 120 mil. Está com o nome sujo no Serasa porque atrasou as prestações e vai vender duas máquinas e parte de suas terras. "Vou caçar e pescar", brinca. Ferronato afirma que o movimento vai continuar por tempo indeterminado, apesar de haver uma liminar determinando o desbloqueio da estrada. Cerca de 30 agentes da Polícia Militar e Polícia rodoviária federal, além de quatro agentes da Polícia Federal, foram deslocados para a região. "Se tentarem tirar a gente da estrada,vai ser uma carnificina". Negociações O coordenador de comercialização e abastecimento do Ministério da Agricultura, Sílvio Farnese, foi ontem para a cidade se reunir com os prefeitos da região e lideranças rurais. Ele falou sobre a prorrogação das dívidas com bancos oficiais, que foi anunciada pelo governo recentemente, e garantiu que o projeto de seguro agrícola sai do papel neste ano. Mas os produtores estavam com os ânimos exaltados e receberam Farnese com um clima de hostilidade. "Vocês vêm dar migalhas para a gente, não vamos conseguir plantar nada na próxima safra", disse Ferronato. "Isso só vai ser resolvido a paulada." O prefeito de Lucas do Rio Verde, Marino Franz, afirmou que o movimento continua pelo menos até terça-feira, quando haverá uma reunião com lideranças rurais de vários Estados para ampliar os protestos. Nesse dia, o movimento deve ter a adesão dos caminhoneiros do Mato Grosso e podem ser fechadas estradas de Rondonópolis, no Sul do Estado, em Luis Eduardo Magalhães, na Bahia, e em Mato Grosso do Sul.

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