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Aumento de estoques na indústria dá sinal de alerta, diz CNI

Isso porque as expectativas de venda não se concretizaram, possivelmente em função da alta dos preços

Por Renata Veríssimo e da Agência Estado
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O resultado da Sondagem Industrial relativa ao segundo trimestre de 2008, divulgada nesta sexta-feira, 31, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), revela que as grandes empresas voltaram a registrar estoques acima do planejado. Segundo o chefe da Unidade de Pesquisa da CNI, economista Renato da Fonseca, este é o primeiro sinal de alerta, porque significa que as expectativas de venda não se concretizaram. "Isso já pode traduzir um processo de arrefecimento no crescimento da economia, o que pode fazer as empresas reduzirem a produção para voltarem aos estoques desejados", avaliou Fonseca.   Veja também: BC teme efeito de inflação sobre o crescimento do PIB Entenda os principais índices de inflação  Entenda a crise dos alimentos  De olho na inflação, preço por preço Veja o comportamento da taxa Selic no governo Lula Mesmo com dados positivos, economia ainda dá sinais de alerta  O economista da CNI disse acreditar que o crescimento dos estoques pode ser reflexo do aumento da inflação. Segundo ele, as indústrias podem não estar conseguindo repassar para os preços o aumento do preço da matéria-prima. As grandes empresas tinham conseguido ajustar seus estoques no final de 2007 e eles apresentaram uma elevação no segundo trimestre de 2008. Renato da Fonseca disse que o movimento de elevação dos estoques ainda é tímido, e, por isso, é cedo para prever se será mantido. A Sondagem Industrial revela ainda que o alto custo da matéria-prima ganhou importância entre os principais problemas enfrentados pela indústria. Esse item já é o terceiro maior problema enfrentado pela indústria. No caso das pequenas e médias empresas, o preço da matéria-prima fica atrás da alta carga tributária e da competição acirrada de mercado. No caso das grandes empresas, os dois maiores problemas são a carga tributária e a taxa de câmbio. A pesquisa da CNI destaca que o setor industrial tem tido mais dificuldades de acesso ao crédito. Fonseca comentou que a sondagem divulgada hoje é a primeira após o início do aperto da política monetária, mas ainda não capta os efeitos da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom), que aumentou a taxa básica (Selic) de juros em 0,75 ponto porcentual, para 13% ao ano. "Pode estar havendo uma contração da liquidez por causa do aperto da política monetária", disse Renato da Fonseca. Mercado interno e externo A Sondagem Industrial mostra que os empresários industriais ainda estão otimistas com o mercado doméstico e continuam pessimistas em relação ao comércio internacional. O resultado da pesquisa da CNI indica que os industriais ainda esperam queda nas exportações nos próximos seis meses. Segundo Fonseca, a taxa de câmbio explica a deterioração das expectativas, porque elimina a competitividade de alguns setores em relação aos produtores estrangeiros. A sondagem mostra que os setores que esperam queda nas vendas externas são: têxteis, vestuário, couros, calçados, madeira, móveis e veículos automotores. O setor industrial espera também continuar ampliando a oferta de empregos nos próximos seis meses e as compras de matérias-primas. A sondagem industrial ouviu 1.488 empresas, no período de 26 de junho a 30 de junho de 2008.

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