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Aumento de superávit fiscal pode ser danoso, diz Amcham

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Comitê de Economia da Câmara Americana de Comércio de São Paulo (Amcham), Paulo de Albuquerque, afirmou que o aumento no superávit primário do setor público de 3,5% para 3,75% do Produto Interno Bruto "apesar de em princípio, ser bem visto pelos credores mais ortodoxos, pode ser danoso à economia real, na medida em que pode retirar recursos de alguns investimentos e de alguns programas que envolvem, direta ou indiretamente, a geração de empregos". O economista reconhece, no entanto, que o conjunto de medidas anunciadas ontem pelo governo terá, certamente, efeito positivo para combater a especulação e, dessa forma, acalmar o mercado de câmbio do Brasil, "em grande turbulência nos últimos dias". Segundo ele, além do peso favorável das reservas internacionais hoje existentes e do saldo positivo na balança comercial, o superávit primário tem estado dentro das previsões e dos compromissos adotados pelo Governo. De acordo com Albuquerque, a questão especulativa que ora se observa no mercado de câmbio tem suas raízes, em parte, "no alto preço pago pela moeda americana no segundo semestre do ano passado por alguns operadores, que hoje tentam passar adiante a mercadoria comprada a um preço visivelmente majorado". E, certamente, o cenário de hoje é propício ao aumento desse movimento especulativo, principalmente em razão das formulações "não muito claras das políticas econômicas constantes das declarações de candidatos de partidos de oposição à Presidência da República". O economista afirma que a menção de uma possível redução no piso das reservas internacionais - em que pese um novo aporte de US$ 10 bilhões por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI), a recompra de títulos com vencimento para 2003 e 2004 e o encurtamento dos prazos de vencimento das Letras Financerias do Tesouro (LFTs) devem "contribuir para acalmar esse mercado, hoje tão conturbado". Para ele, algo que poderia também ajudar seria a redução da oferta de moeda nacional em poder dos agentes financeiros, ?com o aumento, mesmo que temporário, dos depósitos compulsórios dos bancos comerciais?. Paulo de Albuquerque diz que além de todas essas medidas, o fator mais importante e decisivo para reduzir, ou até eliminar, esse movimento especulativo, ?deverá ser a divulgação clara e escrita das intenções dos candidatos dos partidos de oposição quanto às suas respectivas políticas econômicas e, fundamentalmente, quanto ao cumprimento dos compromissos, internos e externos firmados por governos anteriores, legítimos representantes do povo brasileiro?.

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