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Aumento do aço pode chegar aos eletrodomésticos

Os ajustes variarão conforme o produto e o peso de cada insumo na fabricação, mas poderão chegar a 6% no caso dos refrigeradores e algo entre 3% e 5% para o caso dos fogões

Por Agencia Estado
Atualização:

O aumento do preço do minério de ferro deverá abrir nova temporada de queda de braço comercial entre siderúrgicas e fabricantes de produtos intensivos em aço, como eletrodomésticos e carros. Segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), o aço ficou 6% mais caro este mês por causa do minério e produtos como fogão e geladeira encarecerão. O Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) não confirma o aumento, mas reconhece que a alta do minério deverá, de fato, ser repassada ao aço. Segundo a Eletros, o reajuste do aço decorre da decisão de "grandes fornecedores nacionais" de reajustar o minério para clientes internacionais. Hoje, a Vale do Rio Doce acertou reajuste de 19% no minério com a Arcelor, siderúrgica européia, com forte atuação no Brasil. Ajustes deste porte já foram definidos com as siderúrgicas japonesas, a alemã Thyssen Krupp, a italiana Ilva, a coreana Pohang Steel e a Mittal Steel Group, maior do mundo. Parte dos aumentos do aço, além das pressões de custos de cobre a alumínio, será repassada aos produtos finais, informa a Eletros. Os ajustes variarão conforme o produto e o peso de cada insumo na fabricação, mas poderão chegar a 6% no caso dos refrigeradores e algo entre 3% e 5% para o caso dos fogões. O IBS informou que não havia, até hoje à tarde, informações sobre a conclusão das negociações para reajuste do minério com as empresas nacionais. O vice-presidente executivo do IBS, Marco Polo de Mello Lopes, disse que desconhecia o aumento alegado pela Eletros. Quanto ao reajuste do minério de ferro para as siderúrgicas nacionais, comentou que não há definição clara ainda quanto a este ajuste de preços. Mas reconhece, contudo, que quando saem os reajustes com o exterior há uma espécie de "efeito bumerangue" e "volta aqui para dentro". "A expectativa é de que as siderúrgicas, que estão há um ano sem mexer nos seus preços, com o patamar de custo se elevando, quando for definido, evidentemente vamos ter o repasse e esperamos poder contar com a compreensão do Mdic (ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), que soube entender e apoiar a Vale quando estava numa disputa com os chineses", comentou Mello Lopes. Há um mês, o governo chinês se opôs a aumentos de preços do minério brasileiro. O executivo do IBS lembra que já no ano passado, quando a Vale anunciou reajustes de 71% para o minério, setores consumidores correram ao governo, alegando risco de encarecimento do aço e pediram a redução de alíquota de importação de produtos siderúrgicos. O governo zerou as alíquotas de 15 produtos. No ano anterior, a forte demanda e crescimento das cotações de aço já haviam impulsionado o preço do produto no mercado interno. Lado das empresas Procuradas, a CSN e a Usiminas informaram que não comentariam sobre preços. Já a Fiat informou que as pressões de custo de matérias-primas (aço, vidro, borrachas) estão dentro da normalidade e não há previsão de algum repasse imediato. Um executivo do setor diz que as montadoras, nos últimos anos, têm absorvido custos adicionais. A fabricante de eletrodoméstico LG também não comentou o assunto. Até o fechamento desta matéria, a Volkswagen e Multibras não haviam retornado a ligação. O especialista em inflação do Instituto de Economia da UFRJ, Carlos Thadeu de Freitas Filho, projeta que o Índice de Preços ao Atacado (IPA) deverá captar metade do ajuste do minério, nas próximas semanas, e que o impacto nos preços ao consumidor será menor. Ele lembra que no Japão montadoras anunciaram que não repassariam os reajustes do aço aos consumidores, porque a concorrência está fortíssima. E comenta que o mercado interno de carros no Brasil será mais disputado este ano, porque as montadoras exportarão menos.

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