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Aumento na Selic é recebido sem surpresas pelo mercado

Medida foi tomada pelo governo para tentar segurar a inflação, apontam especialistas; novo aperto nos juros parece ser apenas parte de processo maior de elevação  

Por Agência Estado
Atualização:

SÃO PAULO - Os setores financeiros e produtivo não demonstraram nenhum espanto com a decisão tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira, 10, de elevar os juros básicos ao ano (Selic) em 0,50% ponto porcentual. O patamar alcançado de 8,50%, acreditam, faz-se necessário para conter o atual momento de alta dos preços.

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A decisão pelo aperto dos juros em 0,50 pontos coincide com a aposta dos analistas de mercado consultados pela pesquisa Focus divulgada na segunda-feira.

Na opinião da SulAmérica Investimentos, defendida por seu economista-chefe, Newton Camargo Rosa, o comunicado desta noite, idêntico ao da reunião anterior, sinaliza que o "plano de voo" traçado pelo Banco Central será mantido.

O estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Luciano Rostagno, emitiu parecer semelhante: "Estamos no meio de um ciclo de aperto monetário".

Nessa linha de pensamento, o mercado espera por novas altas na Selic nas próximas reuniões. José Francisco Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, vislumbra novos dois degraus de 0,50 ponto porcentual a serem subidos em agosto e outubro.

Se assim for, a Selic chegará aos 9,5% ao ano - e estará muito próxima dos dois dígitos dos quais a equipe econômica do governo orgulha-se de ter abandonado.

A Tendências Consultoria, uma das mais respeitadas pelo mercado, também esperava pela opção tomada pelo Copom. Seu sócio-diretor, Juan Jensen, espera agora que, na ata do Copom a ser divulgada no dia 18, seja demonstrada alguma preocupação não só com a inflação, mas também com o aumento recente do dólar.

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Mas quem padece é o PIB, na visão da principal representante da indústria do Brasil. Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o ajuste do Copom reforça a perspectiva de baixo crescimento da economia do Brasil neste ano, inferior a 2%.

A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) considerou a decisão previsível. O segundo estouro do teto da meta de inflação, de 6,5%, registrado em junho, era prenúncio do rumo a ser tomado pelo Banco Central - entende a Federação.

A inflação em 12 meses ficou em 6,7% no último mês, aponta o IBGE. E por esse mesmo motivo a Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou coerente a puxada para cima dos juros. A CNI alerta, no entanto, que "todo o ônus do controle dos preços não pode recair sobre o setor produtivo".

A avaliação da Força Sindical, em choque com o governo Dilma há algum tempo, foi negativa. A mudança dos juros foi considerada "nefasta".

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"Esta medida mostra claramente a opção da equipe econômica do atual governo, amparada por insensíveis tecnocratas, de continuar privilegiando os especuladores", declarou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva. De acordo com opiniões atribuídas ao deputado federal do PDT, estão em segundo plano a produção e a geração de novos empregos.

Pessimismo no comércio. A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e o SPC Brasil anunciaram revisão para baixo de suas estimativas de crescimento do varejo para 2013 logo em seguida ao anúncio do Copom. A expectativa das entidades é de queda no volume de vendas no comércio e que o setor encerre o ano com um crescimento real de 4,5%. Antes do anúncio da elevação da Selic, as entidades trabalhavam com a previsão de 5%.

Para a CNDL e o SPC Brasil, a atual política de aumento dos juros sem contenção de gastos públicos está levando o país a patamares baixíssimos de crescimento.

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