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Vendas no comércio crescem 0,9% em abril, diz IBGE

Crescimento veio acima do esperado por analistas; houve alta de 4,5% na comparação com abril de 2021, sem ajuste sazonal

Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

RIO - A melhora na crise sanitária e medidas de transferências de renda estão entre os fatores que têm ajudado o desempenho do comércio varejista, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O volume vendido engatou uma sequência de quatro meses seguidos de altas, fazendo com que operasse em abril em patamar 6,2% superior ao de dezembro de 2021, de acordo com os dados da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgados nesta sexta-feira, 10.

"O número é positivo, dá algum sustento para o consumo no segundo trimestre", avaliou o economista João Rabe, da gestora de recursos EQI Asset. "Mas, dentro dos setores do varejo, os mais sensíveis à renda caem pelo segundo mês consecutivo, que é um sinal confuso, porque vemos alguma recuperação da massa salarial. Isso já começa a ligar uma luz amarela", observou ele, para quem o setor começa a dar sinais de fraqueza.

Clientes caminham em shopping paulistano; INGE divulgou os resultados das vendas do comércio varejista referentes a abril Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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Quatro meses em alta

Na série com ajuste sazonal, as vendas cresceram em abril (0,9%), março (1,4%), fevereiro (1,4%) e janeiro (2,4%), após a queda de 2,7% registrada em dezembro, mostraram os dados do IBGE.

“Esses quatro meses vêm numa amplitude (de crescimento) cada vez menor”, observou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE. “É uma trajetória ainda de crescimento, mas com perda de ritmo até abril”, disse.

As vendas ainda são impulsionadas pela desvalorização do dólar ante o real neste ano, maior circulação de consumidores em lojas físicas, melhora da pandemia de covid-19 e normalização de cadeias produtivas, que já permitem a oferta de produtos antes em falta e com demanda de consumidores reprimida, enumerou Santos.

“Tem um elemento de transferência de renda também como um dos fatores que podem influenciar nessa capacidade de consumo”, acrescentou Santos.

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Inflação e juros

Por outro lado, o desempenho das vendas tem sido impactado pela inflação, pela alta na taxa de juros e pela redução nas concessões de crédito a pessoas físicas.

“São, nesse momento, os (fatores) que influenciam essa perda de ritmo”, apontou Santos. “A inflação faz com que algumas dessas atividades (do varejo) tenham movimentos próximos à estabilidade ou mesmo negativos, quando a gente passa da leitura da receita nominal para a leitura do volume”, mencionou.

Na passagem de março para abril, apenas quatro das oito atividades que integram o comércio varejista registraram crescimento nas vendas. O resultado do mês foi puxado, basicamente, pelos segmentos de Móveis e eletrodomésticos (2,3%) e Tecidos, vestuário e calçados (1,7%), enquanto houve elevação modesta em Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,4%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,1%).

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Na direção oposta, houve perdas em Combustíveis e lubrificantes (-0,1%), Hiper, supermercados, produtosalimentícios, bebidas e fumo (-1,1%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-5,6%) e Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-6,7%).

O desempenho de supermercados tem sido afetado tanto pela inflação elevada quanto pela migração do consumo para outras atividades, afirmou Santos.

“Como supermercados foram considerados na pandemia como atividade essencial, o setor acabou absorvendo um pouco o consumo que não foi possível em outras atividades. E, agora, com essa melhora (da situação sanitária), as outras atividades também puderam fazer promoções e voltar a ofertar produtos que trazem a demanda para essas atividades”, disse Santos.

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Comércio varejista ampliado

No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, houve elevação de 0,7% em abril ante março. O segmento de Veículos, motos, partes e peças registrou queda de 0,2%, enquanto Material de construção caiu 2,0%.

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A melhora no desempenho do varejo na passagem de março para abril fez o volume de vendas ficar 4,0% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas operam 1,6% acima do pré-pandemia. No entanto, apenas os segmentos de artigos farmacêuticos, material de construção, outros artigos de uso pessoal e doméstico e supermercados estão operando acima do patamar pré-crise sanitária.

“Temos um crescimento desigual, concentrado, porém, o índice total do comércio é positivo”, resumiu Cristiano Santos.

Em abril, o segmento de artigos farmacêuticos operava em patamar 17,7% acima do pré-crise sanitária; material de construção, 9,1% acima; outros artigos de uso pessoal e domésticos, 7,3% acima; e supermercados, 1,4% acima. Os veículos estavam 5,1% aquém do nível de fevereiro de 2020; móveis e eletrodomésticos, 10,7% abaixo; vestuário, 8,6% abaixo; combustíveis, 1,9% abaixo; equipamentos de informática e comunicação, 11,7% abaixo; e livros e papelaria, 37,3% abaixo.

Na comparação com abril de 201, o comércio varejista teve um crescimento de 4,5%.em abril de 2022. No varejo ampliado, as vendas subiram 1,5%.

(Colaborou Cícero Cotrim)

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