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Autopeças terá recursos do BB

Banco do Brasil abre linha de crédito de R$ 3 bi, com juros mais baixos, para financiar pagamento de impostos

Por Fernando Nakagawa e BRASÍLIA
Atualização:

O Banco do Brasil (BB) anunciou ontem a criação de uma linha de crédito especial de até R$ 3 bilhões, com juros mais baixos, para o setor de autopeças pagar impostos. O anúncio ocorre dias após a Receita Federal ter divulgado que no mês de novembro houve a primeira queda da arrecadação em quatro anos. Boa parte do recuo foi causado pelo aumento da inadimplência de empresas. Com pouco dinheiro em caixa e dificuldade para tomar empréstimo, algumas empresas têm atrasado o pagamento de tributos para manter em dia gastos com fornecedores e salários. "Houve um pedido do sindicato do setor, o Sindipeças. Eles nos mostraram a situação e alegaram que o segmento enfrenta alguma dificuldade por questões sazonais no quarto trimestre e que, neste ano, o quadro foi agravado pela crise", explicou o vice-presidente de Varejo do BB, Milton Luciano dos Santos. Com a nova linha, o BB ajuda também o governo a melhorar sua situação de caixa. Os recursos serão destinados ao pagamento de impostos federais e estaduais, como a PIS/Cofins, IPI, ICMS e as contribuições para o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) e Previdência Social. O dinheiro também pode financiar o pagamento do 13º salário. Apesar de o pedido ter sido feito pela entidade que representa o setor, as empresas não precisam ser associadas ao sindicato para pedir o dinheiro. Tampouco precisam ser clientes do banco federal. Atualmente, o BB tem cerca de 3 mil clientes do segmento de autopeças. O novo crédito vai permitir o financiamento de impostos relativos ao período entre novembro de 2008 e fevereiro de 2009. O valor a ser financiado varia de 80% do tributo devido (parcelas relativas a novembro) a 50% (relativos a fevereiro de 2009). Para as empresas que tomarem o crédito, o dinheiro será liberado apenas mediante apresentação das guias de recolhimento dos tributos nas datas de vencimento. Santos diz que o juro praticado no empréstimo deverá ser entre 15% a 20% mais baixo que o cobrado nas linhas tradicionais de capital de giro. Além disso, haverá carência de até três meses para o início dos pagamentos. O financiamento poderá ser quitado em até 12 parcelas. Normalmente, empresas usam o capital de giro tradicional para o pagamento de impostos. Nesses casos, o dinheiro também pode ser usado para despesas de custeio, e a primeira parcela costuma vencer em até 30 dias. O BB já operou linhas de crédito semelhantes no passado para outros setores como coureiro-calçadista, têxtil e moveleiro. "O modelo variou dependendo da situação", explicou.

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