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Autoridades alertam para riscos em bancos da China e Hungria

Apesar dos sinais de recuperação, países precisam aumentar supervisão em seus sistemas financeiros

Por Marcilio Souza , Danielle Chaves e da Agência Estado
Atualização:

Após o aniversário de um ano da crise financeira global, diversas economias voltam a divulgar números positivos e esboçam uma saída da recessão. Porém, autoridades alertam para diversos riscos que os governos de países como a China e Hungria podem enfrentar se não intensificarem a regulamentação e supervisão em seus bancos.

 

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Na Hungria, o setor bancário enfrentou a crise e tem proteção de capital suficiente, mas a qualidade de seus ativos deverá deteriorar-se mais por causa da fraca economia doméstica, disse a representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) no país, Iryna Ivaschenko, em entrevista nesta última quinta-feira, 17. Ela afirmou também que a Hungria precisa aumentar sua supervisão do setor bancário "assim que possível", de maneira a torná-la mais proativa e eficiente. 

 

O FMI projeta que o montante de empréstimos com problemas ("non-performing"), que era de "ainda moderados" 4,8% do total do crédito ao final de junho, "deverá pelo menos atingir o dobro disso no primeiro trimestre de 2010", segundo Ivaschenko. "Isso afetará o índice de adequação de capital dos bancos e reduzirá a proteção, mas será um processo normal", acrescentou. "O que conforta é o fato de que os testes de estresse que foram conduzidos pelo banco central mostraram que a proteção de capital é adequada".

 

Os bancos húngaros apresentaram bons lucros no primeiro semestre deste ano, e seu retorno sobre patrimônio e retorno sobre ativos ficaram apenas marginalmente abaixo dos níveis registrados em igual período do ano passado, disse Ivaschenko.

 

Segundo ela, a política fiscal rígida do país possibilitará mais cortes das taxas de juros, o que tornará os empréstimos denominados em Forint mais atraentes. Um grande número de empréstimos em moeda estrangeira e uma política fiscal frouxa foram as principais razões pelas quais a Hungria foi tão fortemente atingida pela crise do mercado financeiro global em outubro do ano passado. Com o enxugamento da liquidez e o congelamento dos mercados de dívida, a Hungria tornou-se o primeiro país da União Europeia a receber ajuda do FMI durante a crise.

 

"A equipe de assistência técnica (do FMI) analisou o arcabouço institucional de supervisão em julho e seu desempenho durante a crise, em termos de eficiência, velocidade de reação e transparência. Houve debilidade em todos os aspectos, menos na transparência", disse Ivaschenko. "A equipe técnica concluiu que o atual sistema de supervisão precisa se fortalecer. Ele precisa responder mais e adiantar-se mais aos fatos; o PSZAF precisa ter maior independência operacional e poderes regulatórios" disse a representante do FMI.

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O país projeta que o PIB irá cair 6,7% este ano, o maior declínio em quase duas décadas; para 2010, a previsão é de contração de 0,9%.

 

Risco na China cresce junto com oferta de crédito

 

A comissão que regulamenta o sistema bancário da China (CBRC, na sigla em inglês) reiterou que os riscos para os bancos do país estão aumentando junto com o rápido crescimento da oferta de crédito e pediu que os bancos reforcem o gerenciamento de risco. O presidente da CBRC, Liu Mingkang, fez os comentários durante uma conferência anual do setor bancário.

 

Em um comunicado publicado no website da CBRC, Liu pediu que os bancos domésticos inspecionem a administração do cumprimento de regras (compliance) o mais cedo possível e comecem a fazer melhorias em um tempo adequado, em linha com os esforços de outras instituições financeiras globais para reformar o sistema regulatório financeiro.

 

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Liu observou que a reforma financeira global em andamento - estimulada pela crise financeira - inclui a reforma do sistema de compensação dos bancos e a melhoria nos padrões de cumprimento de regras, como adequação de capital, provisões, quociente de alavancagem e liquidez. "O setor bancário da China deve estar no novo ponto de desenvolvimento para se ajustar aos novos desafios e transformar crises em oportunidades", afirmou Liu de acordo com o comunicado.

 

A oferta de dinheiro na China aumentou em agosto à taxa de crescimento mais rápida de ao menos 13 anos, à medida que os bancos do país forneceram 410,4 bilhões de yuans (US$ 60,1 bilhões) em novos empréstimos naquele mês. No primeiro semestre deste ano, os novos empréstimos dos bancos chineses cresceram para uma média mensal de 1,2 trilhão de yuans.

 

O boom do crédito vem causando preocupações entre os órgãos reguladores sobre aumento de riscos de default em bancos e bolhas de ativos no mercado de capital. As informações são da Dow Jones.

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