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Autoridades discutem efeito da especulação na alta do petróleo

Empresas petrolíferas e países consumidores discordam sobre a existência de uma 'bolha' no setor

Por Efe
Atualização:

Diretores de algumas das principais companhias petrolíferas mundiais e representantes dos governos de países consumidores discordaram sobre o impacto da especulação nos mercados petrolíferos no preço do barril, que nesta segunda-feira, 30, superou US$ 143 em Londres.   Veja também:  Preço do petróleo em alta Reservas no Brasil vão demorar a produzir, dizem Shell e Repsol  Petróleo bate recorde com queda do dólar e tensões na Nigéria   Na abertura do 19º Congresso Mundial do Petróleo, presidida pelo rei espanhol Juan Carlos, o ministro da Indústria, Turismo e Comércio espanhol, Miguel Sebastián, afirmou que existe "um claro componente especulativo" no aumento do preço do petróleo e pediu o endurecimento da regulação para desestimular os investimentos nos mercados de futuros.   Sebastián atribuiu à entrada dos investidores das empresas e à "frouxa" regulação dos mercados a existência de uma "bolha" no setor petrolífero. As operações nos mercados de futuros dos fundos de investimento representaram um aumento da demanda de petróleo em 850 mil barris diários, disse o ministro espanhol.   No entanto, Sebastián também destacou que a oferta de petróleo atual é "insuficiente" e disse que, enquanto o consumo cresceu 15% nos últimos anos, a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) reduziu sua produção em 0,3%.   Na mesma linha, o comissário europeu para a área de Energia, Andris Piebalgs, apostou na adoção de medidas que dêem mais transparência aos mercados internacionais para garantir segurança aos investidores e confiança aos consumidores.   Segundo Piebalgs, tanto consumidores quanto produtores têm o mesmo objetivo: o de manter as indústrias de gás e petróleo e o preço estável das matérias-primas, interesses que precisam de um "mercado transparente, eficaz e objetivo" que dê segurança aos investimentos.   Por outro lado, o presidente da companhia petrolífera hispano-argentina Repsol-YPF, Antonio Brufau, minimizou a influência da especulação nos altos preços do petróleo, mas reconheceu que os investimentos financeiros afetaram matérias-primas como refúgio diante da conjuntura econômica, da desvalorização do dólar e da elevação das taxas de juros. Para Brufau, o elemento determinante na alta do petróleo é a expectativa de crescimento da demanda das economias emergentes.   O executivo-chefe da companhia petrolífera britânica BP, Tony Hayward, negou, por sua vez, que o mercado esteja enfrentando uma "bolha especulativa", e concordou com Brufau sobre a importância do crescimento do consumo mundial, devido à demanda principalmente de países como China e Índia.   Hayward explicou que existem reservas e jazidas por explorar e que os principais problemas "não são geológicos, mas políticos". Defendeu o começo de uma "nova era" de relações entre países consumidores e produtores "baseada na reciprocidade".   O presidente-executivo da anglo-holandesa Royal Dutch Shell, Jeroen var der Veer, destacou que o encarecimento do petróleo é um problema complexo que não pode ser atribuído unicamente aos mercados financeiros.   Por outro lado, o presidente da russa Rosneft, Serguei Bogdanchicov, disse acreditar em que os governos tomarão as medidas necessárias para garantir o aumento da produção de petróleo e gás. Em seu discurso, o rei Juan Carlos destacou que as sociedades modernas reivindicam a compatibilização da atividade econômica com a sustentabilidade e o respeito ao meio ambiente.   Neste sentido, tanto Sebastián e Piebalgs insistiram na necessidade de apostar em energias renováveis e na economia de energia, elementos que fazem parte da política energética da União Européia (UE). Sebastián pediu a antecipação da estratégia européia, que tem como meta aumentar a eficiência até 2020, atingir 20% de fontes de energias renováveis e reduzir as emissões de gases estufa também em 20%.   Simultaneamente ao evento, cerca de 30 pessoas invadiram na manhã de hoje a sede da Bolsa de Valores de Madri, onde permaneceram por cerca de dez minutos para protestar contra a realização do congresso e contra a alta do preço do petróleo.

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