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Avança debate sobre alteração na poupança

Por BRASÍLIA
Atualização:

Com o novo viés de baixa da taxa de juros sinalizado ontem na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o debate sobre a mudança nas regras de correção da poupança ganha mais evidência no governo. A partir de agora, a necessidade de mexer na aplicação mais popular do País vai depender do tamanho do espaço que o BC encontrar para reduzir a Selic e continuar o processo de flexibilização monetária nos próximos meses. A ata deixou várias possibilidades em aberto, tanto para a magnitude do corte, como também para a sua distribuição ao longo das próximas reuniões. Segundo o Estado apurou, a presidente Dilma Rousseff tem emitido sinais de que está disposta a enfrentar as resistências políticas de mexer na remuneração da caderneta em ano de eleições. Mas, para que isso aconteça, é preciso ficar "muito clara a necessidade" de mudança. O que a presidente não quer é que uma eventual demora para alterar o ganho financeiro da poupança se torne impeditivo para a queda dos juros básicos mais à frente. Nesse cenário, não se pode descartar a possibilidade de mudanças na poupança neste ano. E para isso o Ministério da Fazenda e o BC já têm mapeadas as propostas para mudar as regras de remuneração. Mas a análise contrária - o governo não precisar mexer agora - também está colocada e não deve ser descartada de imediato. "A bola está mais com o BC", disse uma fonte do governo. O comportamento da inflação, o cenário externo e a capacidade da economia brasileira de crescer em ritmo mais rápido vão dar o tom do caminho a ser tomado. Por enquanto, a manutenção da forma de remuneração da caderneta, que tem ficado cada vez mais atrativa do que os fundos de investimentos, não é vista pelo BC como um impeditivo para a queda dos juros. Um corte mais cauteloso de 0,25 ponto na próxima reunião do Copom, marcada para o fim de maio, colocaria a taxa Selic no nível mais baixo da história, de 8,75%. Esse nível de juros já foi testado no País por nove meses seguidos, entre julho de 2009 e março de 2010, e não houve uma migração em massa dos recursos aplicados no mercado financeiro para as cadernetas. Além disso, o BC avalia que no cenário econômico atual há um movimento maior de redução das taxas de administração dos fundos para tornar essas aplicações mais atrativas, relativizando os ganhos da poupança. O governo entende que há muito "gordura" a ser queimada nas taxas de administração dos fundos, o que, em tese, reduziria o sentimento de urgência em mexer na poupança. Com taxa de administração menor, a rentabilidade dos fundos cresce um pouco, o que poderia compensar a taxa Selic mais baixa. / A.F. e F.N.

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