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Azul começa a demitir trabalhadores e sindicato do setor fala em mais de mil vagas cortadas

Funcionários que trabalham na manutenção de aeronaves e aeroportos no País foram os primeiros impactados; aérea disse que procura solução para preservar empregos

Por Wagner Gomes
Atualização:

A Azul Linhas Aéreas começou na semana passada a demitir funcionários de terra, que trabalham na manutenção de aeronaves e nos aeroportos, informou Patrícia Gomes, coordenadora da região sul do Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA). Segundo ela, mais de mil trabalhadores já foram dispensados em todo o País, nem todos ligados ao SNA. Ela disse que as negociações com a companhia para um acordo estão paralisadas e que o sindicato pediu a intermediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST) sobre o tema.

Procurada, a Azul informou que a crise da covid-19 impactou os negócios em todo o mundo, especialmente as companhias aéreas, e que como todas as empresas do setor, está buscando soluções para enfrentar os desafios, que incluem a preservação dos empregos de seus tripulantes. A companhia disse ainda que reuniu todos os seus esforços para preservar o máximo de posições possível. Um exemplo claro, segundo a Azul, é o acordo fechado na semana passada com o Sindicato dos Aeronautas e as negociações individuais com mais de dez sindicatos que representam os aeroviários, preservando assim mais de 5 mil empregos.

Negociações entre a companhia e o sindicato estão paralisadas. Foto: Fábio Motta/Estadão

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De acordo com a Azul, mais de 2 mil tripulantes aderiram a programas voluntários acordados com os sindicatos, como os de incentivo à demissão, aposentadoria, e licença não remunerada.

"Mesmo com todas essas ações, parte dos tripulantes está deixando a empresa nessa semana. A companhia ressalta que está cuidando do assunto da melhor forma possível e oferecendo todas as garantias previstas em lei. Além da multa sobre o FGTS, os tripulantes que aderiram aos programas de incentivo à demissão e aposentadoria também terão a continuidade do benefício de plano de saúde e o direito à utilização da malha aérea da Azul. Ainda, todos os tripulantes que deixarão a empresa terão prioridade na recontratação quando a companhia retomar seu crescimento", disse a empresa em nota.

Jason Ward, vice-presidente de Pessoas e Clientes da Azul, explicou que para atravessar essa crise muitas decisões difíceis precisam ser tomadas, mas está confiante de a companhia voltará a crescer em um futuro breve e que poderá recontratar muitos desses tripulantes.

Segundo o Sindicato dos Aeroviários, a companhia aérea está tomando medidas unilaterais para a dispensa dos trabalhadores e aproveitando esse momento de crise para se estruturar. Patrícia disse que a intenção da empresa, já demonstrada em conversas anteriores, é deixar de operar 27 bases em aeroportos pequenos de todo o País. Já teria havido demissões em Vitória, Goiânia, Rio e Salvador. Alguns funcionários foram dispensados por telefone, de acordo com Patrícia.

Sérgio Dias, presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores na Aviação Civil, disse que já foram fechados acordos de demissão voluntária e licença remunerada com a Azul em Porto Alegre, Recife e Guarulhos. Ele afirmou que as demissões de agora podem ser pontuais, mas admitiu que a baixa procura por esses planos pode resultar em mais dispensas nos próximos dias.

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