SÃO PAULO - Depois de realizar seu pedido para registro de oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Securities and Exchange Comissions (SEC), a companhia aérea Azul fez seu registro de oferta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A companhia aérea, que busca uma dupla listagem, ou seja, ter ações na BM&FBovespa e em Nova York, tentará pela quarta vez sua abertura de capital. Nas vezes passadas, os planos foram frustrados por uma ambiente desfavorável do mercado. A nova tentativa de IPO da Azul foi antecipada pela Coluna do Broad.
O grupo de acionistas vendedores é composto especialmente por fundos e a abertura de capital era um passo já definido para a companhia. A listagem na BM&FBovespa está prevista para ocorrer no Nível 2 de governança corporativa.
Embora o capital da empresa seja constituído por ações ordinárias e preferenciais, serão oferecidas no mercado apenas PNs, que não têm direito a voto, mas que traz como contrapartida maiores direitos econômicos, como o pagamento de dividendos. No mercado essa ação foi batizada de ação "superpreferencial" .
Conforme especialistas, as ações preferenciais se encaixam ao perfil daquele investidor que não quer fazer parte do poder decisório da companhia e que o interesse está na bonificação atrelada ao papel: a Lei das S/As estabelece que as ações preferenciais ofereçam dividendo, no mínimo, 10% maiores que o das ordinárias. No entanto, é sabido que será colocado um desconto no valor do papel, fato que é aceito pelas empresas.
No caso da ação preferencial da Azul o "prêmio" é muito maior. Conforme seu prospecto, o detentor da ação preferencial terá o direito a receber, por exemplo, dividendos 75 vezes maior do que o valor pago a cada ação ordinária.
Outra característica dessa ação é seu direito em oferta pública de aquisição (OPA), por conta de alienação do controle da empresa nas mesmas condições e ao preço por ação equivalente a 75 vezes o preço por ação pago ao acionista controlador alienante.
Do lado da Azul, o objetivo é não alterar a estrutura de controle da companhia, que é claramente dividida entre aqueles que têm poder político e aqueles com poder econômico. O maior acionista da Azul é David Neeleman, fundador da companhia aérea, com 52%. A Trip (Participações e Investimentos) é o segundo maior acionista, com cerca de 26%. A chinesa Hainan Airlines, que entrou no capital da empresa em 2015, possui 6% da Azul.
Na ação preferencial da Azul, há casos, no entanto, que a ação poderá ter o direito ao voto. O voto será possível, por exemplo, em caso de "transformação, incorporação, fusão ou cisão da Companhia".