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Bacha, Pastore e Schwartsman elogiam política monetária

Por Agencia Estado
Atualização:

A política monetária conduzida pelo novo governo se revelou bastante eficaz, na avaliação de economistas que participam de seminário do Banco Central no Rio, "Política Monetária: Choques e Eficácia". O economista Edmar Bacha, consultor do banco BBA e ex-presidente do BNDES, no governo Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, disse que a evidência da significativa queda na taxa de inflação mostra a eficiência dessa política. Questionado se não houve excesso na dosagem dos juros, Bacha disse que "o problema é que economia é uma questão de escolha; todo mundo gostaria de ir ao Paraíso, mas para isso tem que passar no Purgatório". O economista disse prever que a economia brasileira começará a se acelerar o crescimento a partir do quarto trimestre deste ano, e aumentará o ritmo de expansão ao longo de 2004, chegando ao final do próximo ano com uma taxa de crescimento anualizada de 4%. Segundo Bacha, para que este crescimento seja sustentado, é preciso "uma grande reserva própria, gerada por superávit de conta corrente ou empréstimo de longo prazo". Este foi o caso da Coréia, que com a criação de elevadas reservas próprias conseguiu superar os seus problemas, citou ele. Inflação para baixo O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Affonso Celso Pastore também destacou o que considerou a eficácia da política monetária "porque trouxe a inflação para baixo, mesmo com recessão". Pastore lembrou que muitos economistas afirmavam, três meses atrás, que a inflação no País era de custos e por isso não podia ser combatida exclusivamente pelos juros. Segundo ele, as últimas taxas de inflação divulgadas mostram que esta teoria estava errada. Segundo Pastore, ao longo dos próximos meses ocorrerá uma queda gradual dos juros, simultaneamente ao início de uma trajetória de crescimento econômico, compatível com as possibilidades do País. O economista chefe do Unibanco, Alexandre Schwartsman também elogiou a eficácia da política monetária e disse que os juros foram muito mais responsáveis para a queda da inflação do que o recuo do dólar. Queda do spread bancário Edmar Bacha disse que o caminho para a redução do spread bancário no País deve reunir a segurança das garantias bancárias com a concorrência do próprio sistema bancário. Ele citou como exemplo as taxas cobradas pelas financeiras para a venda de automóveis. Segundo Bacha, neste caso, o spread é pequeno devido à possibilidade de recuperação do bem, pelo financiador em caso de inadimplência. "A possibilidade de redução do spread passa necessariamente pelas garantias, e a nova lei de falências também poderá ajudar a acelerar a queda", disse. ?Esquisitices monetárias? Em um ponto de sua fala, Edmar Bacha provocou os economistas. Ele falou em "esquisitices monetárias". Segundo ele, a taxa de juros reais no País permanecem extremamente elevadas em momentos em que a inflação também se mantém muito alta, o que, segundo ele, pode sugerir uma baixa eficácia da política monetária no País. Bacha avaliou, entretanto, que essa possível ineficácia pode ser resultado não apenas de uma especificidade estrutural, mas conseqüência dos sucessivos choques adversos enfrentados pelo País nos últimos anos. O ex-presidente do BNDES provocou com este questionamento os painelistas que em seguida falaram sobre "eficácia e mecanismos de transmissão de política monetária".

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