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Bacha sugere maior redução dos depósitos compulsórios

Por Fabio Graner
Atualização:

O economista Edmar Bacha, considerado um dos pais do Plano Real, e atualmente consultor sênior do Itaú BBA e codiretor do Instituto de Estudos em Política Econômica da Casa das Garças, acha que o Banco Central deve ser mais ativo na política de redução de depósitos compulsórios, para complementar o corte da taxa básica de juros (Selic), que foi reduzida ontem em 1,5 ponto porcentual. "Acho que o BC poderia estar trabalhando de forma mais significativa na questão dos compulsórios", disse, em entrevista ao Estado. Um dos problemas, para ele, é que os compulsórios estão ligados ao mecanismo de financiamento subsidiado à agricultura no Brasil. "É preciso encontrar uma forma de lidar com a política de crédito direcionado à agricultura que permita uma queda acentuada dos compulsórios, para provocar uma redução importante do spread bancário." Bacha aprovou o corte de 1,5 ponto da Selic, acrescentando que não se "incomodava se eles fizessem 2,0". Para o economista, no entanto, é normal que o BC num país de histórico inflacionário como o Brasil tenda ao conservadorismo. Mesmo com o corte, e a perspectiva de que os juros continuem caindo, Bacha considera que é muito difícil lidar com a crise. O problema principal, para ele, é "a formação de capital no setor privado", isto é, o investimento privado. "A crise externa teve um impacto sobre a disposição, a perspectiva de formação de capital. Podemos adotar medidas compensatórias, paliativas, com uma série de armas que temos no nosso arsenal, mas enquanto a situação internacional não se normalizar, dificilmente vamos ter uma volta significativa do investimento privado no Brasil." Ele acrescenta que as expectativas de crescimento em 2009 estão convergindo para zero. "O PIB do último trimestre de 2008 foi ruim, a cara não está muito boa para o primeiro trimestre e a situação lá fora está cada vez pior." O economista acrescenta, por outro lado, que o Brasil está numa situação privilegiada para o momento em que o mundo superar a crise. "Temos de nos preservar, porque o Brasil pode ser um país que tem um futuro extremamente promissor na nova economia internacional pós-crise, mas é preciso não fazer bobagem", afirmou Bacha. Para ele, a principal razão é que o Brasil ainda é uma "mata virgem" em termos de oportunidades de negócios. "Somos uma economia pouco endividada, com amplo mercado interno, com recursos naturais abundantes e que vai entrar limpinha no mundo pós-crise." Em contraste, a maior parte dos países importantes da economia mundial está extremamente danificada pelos efeitos da crise. "Nós não tivemos grandes excessos. Nosso excessozinho foi só o dos derivativos e, na verdade, foi café pequeno perto do que aconteceu lá fora."

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