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ANÁLISE: Balança comercial ainda deve melhorar

Do lado das exportações, uma conclusão possível é que a reação exportadora ainda não ocorreu, apesar do câmbio favorável

Por Welber Barral
Atualização:

Revertendo a tendência dos últimos anos, a balança registrou em 2015 um superávit de quase US$ 20 bilhões. Como resultado geral, é positivo para as contas do País, num momento de crise de credibilidade.

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Ao mesmo tempo, a análise dos dados permite também algumas conclusões: primeiro, a de que o superávit foi derivado de uma brutal queda de importações. Se isto pode ser visto como positivo no que se refere à substituição de insumos importados por similares nacionais, não é verdade no que se refere à importação de bens de capitais (que caiu 20% no ano). Não importar bens de capitais indica que as empresas estão investindo menos na modernização do parque produtivo, o que - no médio prazo - pode comprometer a competitividade e a adoção de novas tecnologias.

Do lado das exportações, uma conclusão possível é que a reação exportadora ainda não ocorreu, apesar do câmbio favorável. Ao contrário, as exportações industriais caíram 8% neste último ano. As explicações para essa dificuldade em aproveitar o mercado externo não são difíceis: o mercado externo encontra-se em retração, dificultando a entrada de novos fornecedores; apesar do câmbio, os custos de produção no Brasil ainda são altos, tanto os de mão de obra, quanto os logísticos e burocráticos; o sistema tributário continua a punir os exportadores; a conclusão de acordos internacionais, dos quais o País não participa, eleva as tarifas em relação aos produtos brasileiros.

Para 2016, é provável que o esforço exportador da indústria comece a dar resultados, sobretudo no acesso a mercados. Há um ciclo natural para aceder a mercados externos - envolvendo promoção comercial, certificações, distribuição, logística - que deve ser completado, para alguns setores.

Do lado do governo, são louváveis as iniciativas do MDIC para mitigar custos dos exportadores, que enfrentam concorrentes mais ágeis na arena internacional. Mas a virtual eliminação de alguns incentivos (como fundos para financiamento à exportação e, sobretudo, o Reintegra) afetou negativamente o entusiasmo dos exportadores. Por fim, a retração de demanda no Brasil voltou a ensinar aos industriais brasileiros o risco de apostar apenas no mercado interno. *WELBER BARRAL É SÓCIO DA BARRAL M JORGE CONSULTORES ASSOCIADOS

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