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Balança comercial tem superávit de US$ 2,24 bilhões em setembro, menor para o mês em 5 anos

Se confirmado, o resultado representará uma queda de 28% em relação ao registrado em 2018, quando o superávit alcançou US$ 58 bilhões

Foto do author Lorenna Rodrigues
Por Lorenna Rodrigues (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - A balança comercial brasileira ficou no azul em US$ 2,246 bilhões em setembro, mas o valor foi 55,7% menor em relação ao mesmo mês do ano passado. Além disso, é o menor resultado para setembro desde 2014 e reflete a queda da demanda mundial em meio à guerra comercial entre Estados Unidos e China.

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Quando as exportações superam as importações, o resultado é de superávit. Se acontece o contrário, é de déficit. 

De janeiro a setembro, o superávit comercial soma US$ 33,790 bilhões, saldo 19% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. Com isso, o Ministério da Economia reduziu a previsão para o superávit comercial neste ano. O valor esperado é de US$ 41,8 bilhões, ante US$ 56,7 bilhões previstos em julho deste ano.

Balança comercial brasileira ficou no azul em US$ 2,246 bilhões em setembro Foto: Divulgação

Se confirmado, o resultado representará uma queda de 28% em relação ao registrado em 2018, quando o superávit alcançou US$ 58 bilhões. De acordo com o subsecretário de Inteligência e Estatística de Comércio Exterior, Herlon Brandão, a redução se deve principalmente ao cenário externo com a demanda desaquecida por conta da guerra comercial. “Havia um senso comum de que Brasil poderia ser beneficiado com o desvio de comércio da guerra comercial, principalmente com a soja. Mas nossa análise sempre foi que, no agregado, havia prejuízo para a economia como um todo com a redução da demanda mundial”, afirmou. Setembro. De acordo com dados do Ministério da Economia, no mês passado, as exportações somaram US$ 18,740 bilhões, uma queda de 11,6% ante setembro de 2018. Já as importações chegaram a US$ 16,494 bilhões, alta de 5,7% na mesma comparação. No mês, houve uma queda nas vendas de produtos semimanufaturados (-32,1%), principalmente nas exportações de semimanufaturados de ferro/aço (-59,3%), madeira serrada ou fendida (-44,9%) e açúcar em bruto (36,8%). As exportações de básicos caíram -14,5, com recuo nasvendas de petróleo em bruto (-37,7%), café em grãos (-25,7%) e farelo de soja (-20,5%). Houve alta de 4,4% nos embarques de manufaturados. Entre os fatores que influenciaram no resultado de setembro, Brandão destacou o recuo nas vendas para a Argentina, que, com a crise, caíram 39,3% no acumulado do ano. Também houve queda nas exportações de produtos como soja, principalmente pela queda na demanda da China, petróleo e açúcar. Por outro lado, houve alta nas exportações de produtos como milho, minério de ferro, algodão, carnes e café, o que compensou, em parte, o desempenho dos outros produtos. Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto Castro, o resultado de setembro é consequência de quedas nos volumes e nos preços das principais commodities da pauta de exportações brasileiras: minério de ferro e soja. Castro ressaltou que, no caso do minério de ferro, o preço por tonelada caiu de US$ 86,00 em agosto para US$ 68,00 a tonelada em setembro. Em volume, foram embarcadas 2,449 mil toneladas de minério de ferro em agosto e 1,845 mil tonelada em setembro. A situação fica pior quando se trata da soja. Isso porque em agosto foi exportado o equivalente a 5,3 milhões de tonelada e, em setembro, 4,4 milhões de toneladas. Em valores, na mesma base de comparação, foram embarcados o equivalente a US$ 1,890 bilhão em agosto e US$ 1,598 bilhão em setembro. O economista-chefe da Infinity Asset Management, Jason Vieira, diz que a maior surpresa no resultado da balança comercial brasileira em setembro foi a queda de 31,4% nas exportações para os Estados Unidos, na comparação com o mesmo mês de 2018. "Tem efeito de guerra comercial", afirmou. “Há dentro desse cenário um pouco do quadro internacional, que pode assustar um pouco, com o acirramento da guerra comercial entre China e Estados Unidos. Quando a gente acha que vai ter uma resolução, a resolução não vem", analisou Vieira. / Colaboraram Francisco de Assis e Iander Porcella

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