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Balanço das aplicações em privatizadas

Estudo da consultoria financeira Sirotsky & Associados selecionou seis ações de companhias privatizadas e comprovou que nem todos os investidores em ações de ex-estatais privatizadas, tiveram a mesma sorte.

Por Agencia Estado
Atualização:

Nem todos os investidores que compraram ações de ex-estatais privatizadas, tiveram a mesma sorte. Alguns desses aplicadores garantiram ótimo retorno, enquanto outros, se ficaram com as ações da data da desestatização até hoje, estão com baixo rendimento ou até com perda. Estudo da consultoria financeira Sirotsky & Associados selecionou seis ações de companhias privatizadas que têm alta liquidez na bolsa de valores. O levantamento comparou a cotação, do pregão, desde que foi realizada a privatização até hoje. Os rendimentos nominais das ações de seis empresas - Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Embraer, Light, Usiminas - foram muito atraentes, com exceção da oscilação de -3,37% das ações ordinárias (com direito a voto) da Light. Mas para ter uma comparação mais precisa com o comportamento do resto do mercado no mesmo período é preciso considerar o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), que é formado por uma cesta das ações mais negociadas da Bovespa. A partir dessa comparação, apenas as ações da Siderúrgica de Tubarão e Vale garantiram rendimentos superiores ao do Ibovespa. No caso da CST, a oscilação da ação preferencial - PN, sem direito a voto - já descontada o Ibovespa, foi de 57,09%. No caso da Vale, a ação ordinária - ON, com direito a voto - subiu 55,37% e a preferencial, garantiu rendimento real de 51,22%. Carlos Antônio Magalhães, consultor da Sirotsky, lembra que dependendo dos períodos da aplicação, algumas ações até podem ter apresentado uma performance melhor, mas o estudo leva em conta que o aplicador comprou na privatização e está, até hoje, com o papel. Desvalorização prejudicou empresas com dívidas, mas beneficiou outras A desvalorização, foi sem dúvida, um divisor de águas, segundo Aireslene Rocha, gerente da DC Corretora. Empresas que tinham dívidas, como Light e CSN, foram mais atingidas pela desvalorização, enquanto outras, exportadoras, a exemplo da Vale, foram mais beneficiadas. Mas a conclusão interessante do levantamento é que algumas ações de empresas privatizadas garantiram rentabilidade acima da média do mercado, e outras nem tanto. Leonardo Moraes Horta, diretor de relações com investidores da Companhia Siderúrgica de Tubarão, confirma que a cultura hoje na siderúrgica, privatizada em 1992, é outra. A produtividade cresceu de 527 toneladas de aço líquido por homem/ano em 1992, ainda nos tempos de estatal, para 1.334 toneladas toneladas por homem/ano no primeiro semestre de 2000. O prejuízo acumulado antes da privatização era do equivalente a US$ 1,025 bilhão em 1992 e no primeiro semestre desse ano o lucro acumulado foi de US$ 755 milhões. Na Companhia Siderúrgica Nacional, de 1979 até 1982, o prejuízo acumulado era de R$ 11,6 bilhões. Desde a privatização, em 1993, até o ano passado, o lucro acumulado era de R$ 2,3 bilhões. Fatores externos como as crises do México, da Rússia e mais tarde a desvalorização cambial afetaram muito as cotações da CSN e o mercado como um todo. Apesar dos altos e baixos, as ações ordinárias da siderúrgica de Volta Redonda saltaram de US$ 12 por lote de mil na época da privatização para o equivalente a US$ 34 a preços de agora. Em vários casos, o retorno veio muito mais na forma de dividendos do que na valorização em bolsa das ações. Até porque, como são papéis que definem o controle da empresa, essas ações não podem ser comparadas de forma alguma com os papéis que estão no dia-a-dia do pregão.

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