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Banco aposta em recessão dos EUA em 2007

O motivo, segundo o Merrill Lynch, são os contínuos aumentos na taxa básica de juros norte-americana. E nem mesmo pausa do aperto monetário deve ajudar

Por Agencia Estado
Atualização:

O banco Merrill Lynch avalia que o ciclo de aperto monetário promovido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) foi encerrado na última terça-feira, mas alerta que há uma possibilidade superior a 40% de a economia entrar em recessão em maio de 2007. "Não o importa que o Fed faça a partir de agora, pode ser muito tarde e as sementes podem já ter sido plantadas para gerar uma recessão no próximo ano", disse David Rosenberg, economista do banco de investimentos norte-americano. Segundo ele, vários indicadores sinalizam essa possibilidade, entre eles o momento de esfriamento do mercado mobiliário, a rotação nas bolsas das ações do setor de transportes para as empresas prestadoras de serviços. "Eles todos apontam para maio de 2007 como o mês que poderemos ver uma virada para baixo na economia americana", disse. Rosenberg acredita que o maior risco neste momento é que o Fed já tenha exagerado na extensão da alta dos juros. "Mas nós não sabemos se isso ocorreu porque o efeito defasado de todas altas prévias ainda têm que ser transmitido", disse. A possibilidade de mais de 40% de uma recessão em 2007 foi registrada pela adaptação pelo Merrill Lynch do modelo de cálculo da relação entre taxas de juros e curva dos prêmios do Federal Reserve. Rosenberg explica que esse patamar é similar ao constatado no pico do último ciclo de aperto monetário, em meados de 2000. Em outubro daquele ano, a probabilidade de uma recessão tinha subido para 70% mas o Fed não fez nada e quando ele começou a cortar em juros, em janeiro de 2001, já era tarde. O analista observou que em meados do ano 2000, os agentes financeiros previam, na média, num crescimento de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) para o primeiro semestre de 2001. Segundo ele, a mesma coisa pode estar acontecendo hoje pois os mercados apostam num crescimento de 2,9% nos primeiros seis meses do próximo ano. "Um toque de déjà vu acompanhado de lentes coloridas de rosa?", ironizou. Fator negativo Segundo os cálculos do banco, uma probabilidade de 40% de uma recessão é um fator negativo para os mercados acionários. Quando as chances são inferiores a 40%, o índice S&P 500 opera em alta em 80% do tempo nos próximos doze meses e a sua média de valorização é de 12%. Mas quando a perspectiva de recessão supera os 40%, como ocorre hoje, a possibilidade de o S&P 500 operar em alta ao longo dos próximos 12 meses cai para 55% e a média de ganhos nesse período é de apenas 2%. Dados históricos mostram que o período de transição médio entre o fim de um ciclo de aperto nos juros e o início do corte das taxas fica entre seis e oito meses. Ainda segundo dados do passado, se o Fed não alterar os juros durante quatro meses, o ciclo de aperto monetário está encerrado. Esse é o cenário mais provável, segundo Rosenberg. Ele prevê que o Fed cortará os juros em janeiro de 2007, após três trimestres consecutivos de crescimento de PIB abaixo de sua tendência. No total, acrescenta o analista, deverão ocorrer cinco cortes totalizando 125 pontos porcentuais, o que levaria a taxa para 4% no segundo semestre de 2007.

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