PUBLICIDADE

Banco Central chinês volta a criticar os EUA

Às vésperas da reunião do G-20, Banco do Povo publica novo ensaio na internet no qual classifica o sistema regulador americano como ineficaz

Por DOW JONES NEWSWIRES
Atualização:

Em novo ensaio divulgado ontem no site do Banco do Povo da China (PBOC, na sigla em inglês), o banco central chinês mais uma vez critica os EUA, dessa vez centrando fogo no sistema regulador que considera ineficaz. No quarto ensaio desde segunda-feira, às vésperas da reunião do G-20 (grupo dos 20 países mais industrializados), o BC da China aborda questões referentes à atual crise financeira. O ensaio, intitulado Reforma Internacional do Quadro Regulatório Financeiro: Alguns Comentários, aponta amplas preocupações em várias frentes, desde as agências regulatórias dos governos até a governança corporativa e as agências privadas de rating. "Embora a estrutura regulatória dos EUA fosse uma complexa colcha de retalhos de agências fragmentadas e jurisdições, alguns acreditavam que funcionava bastante bem", afirma. O estudo critica duramente a noção de que os mercados podem se autorregular com um mínimo de supervisão. "Embora alguns tenham feito esforços para tratar dessas questões, a maioria relutava em atacar seriamente os problemas com a desculpa de que ?se não quebrou, não conserte?. O custo de esperar que o sistema quebrasse se tornou tremendo." "A atual crise financeira se originou na crise do subprime (hipotecas de segunda linha) dos EUA e se espalhou rapidamente pelo resto do mundo por meio de produtos financeiros e mercados e instituições financeiras. A contaminação desenfreada da atual crise demonstra que questões sobre filosofia, eficácia e cooperação internacional da regulação financeira precisam ser resolvidas, uma vez que a regulação efetiva e a supervisão são as mais poderosas forças externas para conter os riscos do setor financeiro." Especificamente, o último ensaio ataca o nível fraco do pessoal das agências regulatórias e a falta de entendimento sobre alguns dos mais recentes produtos financeiros. "Como resultado, alguns supervisores fecharam os olhos e não foram sensíveis aos problemas dos produtos estruturados tais como obrigações da dívida colateralizada, derivativos como swaps de default de crédito e o sistema bancário das sombras refletido nas atividades fora de balanço, incluindo metodologias de rating críticas para produtos estruturados." O estudo também afirma que as companhias devem se basear em sua própria avaliação independente de risco em vez de delegar a tarefa a agências de ratings. Critica ainda as comissões executivas de diretores de companhias que são incapazes de agir com independência. "Casos também revelam que, em algumas instituições muito grandes para falir, os profissionais de gestão de risco eram supervisionados por pessoas do negócio. Isso levou à falta de checagem efetiva (...) e à tolerância à tomada excessiva de risco em busca de recompensa de curto prazo." O braço de pesquisa do PBOC pede atenção maior a áreas problemáticas para desenvolver a regulação mais efetiva. O estudo é o último da série de quatro publicada em inglês no site do PBOC. Os três primeiros foram assinados pelo presidente do PBOC, Zhou Xiaochuan. O estudo que mais chamou a atenção foi o intitulado Reforma do Sistema Monetário Internacional, que pediu o uso ampliado da moeda do Fundo Monetário Internacional, o Direito Especial de Saque (SDR, na sigla em inglês), como ativo de reserva, em substituição ao dólar.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.