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Banco Central corta taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual, para 6% ao ano

Depois de 16 meses de estabilidade, decisão do Copom foi unânime; Selic está no nível mais baixo da história

Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
Atualização:

BRASÍLIA - Após 16 meses de juros estacionados, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu ontem cortar em 0,50 ponto porcentual a Selic (a taxa básica da economia), de 6,5% para 6% ao ano. 

A decisão, que dá início a um novo ciclo de baixa para os juros no Brasil, surge em um ambiente de fraqueza da economia, inflação controlada e aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara. A Selic está agora em um novo piso da série histórica, iniciada em junho de 1996, mas o BC passou indicações de que mais cortes estão a caminho.

Mercado já dava como certo o corte nos juros pelo Comitê de Política Monetária do BC. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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O anúncio foi comemorado pelo presidente Jair Bolsonaro. Segundo o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, Bolsonaro está “bastante satisfeito”. “O presidente vem advogando, há algum tempo, que isso (redução da Selic) seria muito interessante para a economia”, disse Rêgo Barros.

Apesar da redução, o juro real brasileiro (descontada a inflação) ainda é o oitavo maior do mundo. Está agora em 1,63%, conforme o site MoneYou e a Infinity Asset Management. No topo do ranking estão Argentina (5,23%), México (3,84%) e Indonésia (3,35%). 

A redução dos juros era largamente esperada pelo mercado. A grande dúvida girava em torno da magnitude: 0,25 ou 0,50 ponto porcentual. Ao justificar a decisão mais arrojada, o Copom afirmou que a evolução do cenário e do balanço de riscos para a inflação levou ao corte.

Para o BC, os indicadores recentes de atividade econômica sugerem “possibilidade do processo de recuperação da economia”, mas em ritmo gradual. Ao mesmo tempo, o BC avaliou que o cenário externo “mostra-se benigno”, após mudanças na política monetária nas principais economias. Na tarde desta quarta-feira, 31, antes mesmo da decisão do Copom, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) cortou sua taxa de juros em 0,25 ponto porcentual, para a faixa de 2,0% a 2,25%.

A inflação brasileira também está controlada, na visão do BC. As projeções para o IPCA – o índice oficial de preços – em 2019 e 2020 permaneceram em 3,6% e 3,9%, respectivamente. Abaixo, portanto, do centro da meta de 4,25% este ano e 4,00% no próximo. A “consolidação do cenário benigno” para a inflação deverá permitir “reduções adicionais” da taxa básica.

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No entanto, a instituição indicou que a frustração com o andamento da reforma da Previdência ainda é o principal risco para a inflação.

Para o economista Marcos Ross, da XP Investimentos, o BC tende a promover mais dois cortes de 0,50 ponto porcentual nas próximas reuniões do colegiado. “A inflação está muito bem comportada, o BC vê uma possibilidade de retomada da economia ainda muito gradual, o que sugere que precisaria de certo estímulo, e há evidências de que a pauta econômica avançou (com a aprovação em primeiro turno da reforma na Câmara)”, disse.

A redução dos juros, porém, não tem efeito imediato. “Do começo da crise até agora, o Brasil já derrubou a Selic de 14,25% para 6,5% ao ano e a economia está praticamente parada. E 0,25 ponto ou 0,50 ponto não vai mudar as coisas”, afirma a economista-chefe do XP Investimentos, Zeina Latif.

Queda também nos juros dos Estados Unidos

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Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou nesta quarta-feira a redução dos juros no país em 0,25 ponto porcentual, baixando a taxa básica para a faixa entre 2% e 2,25%. É a primeiro corte feito pelo Fed desde a crise de 2008. O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a decisão foi um "ajuste no meio de um ciclo" da política monetária.

Segundo ele, foram considerados fatores como crescimento global modesto, comércio e inflação contida. "Sem dúvida há um aspecto de seguro na decisão de cortar juros", declarou, pontuando que o crescimento no exterior desapontou, especialmente na zona do euro e na China. /Colaboraram Julia Lindner, André Ítalo Rocha e Francisco Carlos de Assis