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Banco Central dá recado que não vai cortar a taxa de juros

Diretor do BC diz que não há espaço para reduzir os juros porque a expectativa para a inflação está alta

Por Bianca Ribeiro
Atualização:

O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Aldo Mendes, foi claro em seu encontro com investidores nesta quinta-feira, 18, ao afirmar que questões externas e do Brasil não deixam espaço para a flexibilização da política monetária (de juros). A afirmação no penúltimo parágrafo do discurso feito em seminário promovido pelo Goldman Sachs, em São Paulo, faz parte de um conjunto de sinais que o BC procurou transmitir ao mercado esta semana.

A afirmativa indica que o BC não deve reduzir a taxa de juros básica da economia (Selic), pelo menos no curto prazo. Com o cenário externo conturbado como pano de fundo, Aldo justificou a postura do BC destacando a queda na atividade econômica, a inércia inflacionária e as expectativas de alta na inflação.

A próxima quarta-feira, o BC decide o novo nível da Selic e os ativos negociados no Brasil vêm precificando corte entre 0,25 e 0,50 ponto na taxa básica Foto: André Dusek|Estadão

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Após as palavras de Mendes, a resposta nas mesas de operações foi imediata: as taxas de juros negociadas no mercado futuro se ajustaram para cima e atingiram máximas, com investidores desfazendo apostas na hipótese de queda de juros no curto prazo.

BC e os economistas. Em outros encontros, o BC debateu amplamente as expectativas de alta de inflação pelo mercado. O diretor de política econômica do BC, Altamir Lopes, se reuniu com economistas em São Paulo e no Rio, como parte dos encontros trimestrais para ouvir o mercado.

Segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, os analistas preferiram deixar de lado críticas mais diretas sobre a comunicação do BC e preferiram citar a desancoragem das expectativas como um dos grandes problemas para fazer a inflação convergir para a meta.

No encontro com Altamir, os analistas chegaram a sugerir que o modelo econométrico do Banco Central estaria defasado e não seria capaz de captar a piora do quadro.

Diagnóstico e estratégia. O diretor de assuntos internacionais do Banco Central, Tony Volpon, que foi voto dissidente nos dois últimos encontros do Copom por preferir um aumento da taxa de juros em 0,50 ponto porcentual, também se encontrou com representantes de mercado em São Paulo nesta semana.

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Ele reforçou sua posição conservadora de controle de inflação e sugeriu que a divergência no BC não seria em relação ao diagnóstico do quadro inflacionário, mas sobre a estratégia para desarmar as expectativas.

Com os analistas mostrando resignação em relação às condições da economia e à dificuldade do governo, e mesmo do Banco Central, de começar a reverter esse cenário, a autoridade monetária tenta mudar as expectativas e aparar um pouco as arestas antes da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que começa em 12 dias.

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