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Banco Central dos EUA vê "grandes obstáculos" para novos investimentos

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Alan Greenspan, disse nesta terça-feira que as condições atuais da economia colocam obstáculos significativos ao investimento das empresas, porque os riscos de curto prazo estão mascarando os ganhos potenciais de longo prazo. Segundo Greenspan, o Fed ainda tem munição para estimular a economia, caso isso seja necessário. Ele observou que mesmo que tenha exaurido o potencial para reduções das taxas de juro, o Fed poderá comprar bônus do Tesouro dos EUA e outros papéis, de modo a injetar dinheiro novo na economia. "Há uma visão de que, à medida que a taxa dos Fed Funds se aproxima de zero, ao chegar a zero nós estamos fora do jogo. Não é o caso. Estamos muito longe de ver o Fed restrito em sua capacidade de estimular a economia", disse. Falando em conferência do Council on Foreign Relations, o presidente do Fed também afirmou que as empresas podem estar sendo lentas em aumentar os investimentos por causa das preocupações quanto ao mercado de ações e quanto à possibilidade de uma guerra dos EUA com o Iraque. "Esse é um obstáculo muito grande a fazer investimentos, e, de fato, a fazer qualquer coisa. O resultado disso é que estamos num movimento ascendente muito gradual", disse. Japão e Europa Greenspan pediu aos governos do Japão e da Europa a desregulamentarem das economias e que o nível atual de regulamentação está prejudicando a recuperação da economia global. "Há muita rigidez estrutural por aí, e isso impede a recuperação, especialmente no Japão e na Europa. Não há como superar isso, especialmente no curto prazo, com políticas monetárias e fiscais. A única maneira de lidar com esse tipo de problema estrutural é o que nós fizemos nos EUA. Tivemos 25 anos de uma desregulamentação extraordinária neste país", disse Greenspan. O presidente do Federal Reserve disse que os governos devem ser cuidadosos ao tomar medidas para impedir que os investidores assumam riscos financeiros, porque o risco favorece o crescimento econômico. Greenspan disse que os governos e as autoridades reguladoras deveriam aprender a gerenciar riscos, ao invés de tentar eliminá-los. Ele basicamente repetiu o discurso que havia feito em Londres no dia 25 de setembro e não fez referências às perspectivas da economia norte-americana. "A extensão da intervenção dos governos nos mercados para controlar o nível de risco, para além da prática comum de controle de riscos sistêmicos, é no fim das contas, um balanço entre o crescimento econômico, com seu potencial inerente para instabilidadem e um modo de vida mais civilizado e com menos estresse, mas com um padrão de vida mais baixo", afirmou. Para o presidente do Fed, a capacidade de resistência da economia dos EUA ao longo dos últimos dois anos é testemunho do desejo de deixar que os mercados financeiros desenvolvam novos instrumentos para administrar e dispersar os riscos. "Apesar do impacto de uma perda de US$ 8 trilhões na capitalização do mercado de ações, de uma contração forte nos investimentos e, naturalmente, dos eventos trágicos de 11 de setembro de 2001, nossa economia ainda está crescendo", disse Greenspan. "É importante que, apesar de perdas significativas, nenhuma grande instituição financeira dos EUA foi levada a uma moratória. As mesmas observações valem para boa parte do resto do mundo, mas num grau menor do que nos EUA".

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