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Banco Central libera R$ 6,5 bilhões para bancos emprestarem

A medida do BC surge em um momento em que o crédito no Brasil ainda patina

Por Fabrício de Castro e Fernando Nakagawa
Atualização:

BRASÍLIA - O Banco Central anunciou na noite desta terça-feira, 19, a liberação de R$ 6,5 bilhões que estão depositados na instituição, uma parte dos chamados “depósitos compulsórios” – a parcela de recursos de clientes que os bancos precisam, obrigatoriamente, depositar no BC. Com a medida, a autarquia eleva o volume de recursos disponíveis, nos bancos, para operações de crédito.

Banco Central quer tentar reduzir custo para o lojista aceitar o cartão de débito Foto: André Dusek/Estadão

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Por meio de circular, o BC reduziu os recolhimentos de compulsórios sobre recursos à vista e a prazo. No primeiro caso, o porcentual recolhido pelo Banco Central caiu de 45% para 40% e, no segundo, de 36% para 34%. Na prática, isso significa que a cada R$ 100 depositados numa conta corrente em um banco, R$ 40 serão recolhidos pelo BC, e não mais R$ 45.

De acordo com o BC, deste total de R$ 6,5 bilhões, R$ 882 milhões serão liberados para as instituições financeiras no dia 26 de dezembro. Os demais R$ 5,618 bilhões serão liberados no dia 2 de janeiro.

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A medida do BC surge em um momento em que o crédito no Brasil ainda patina. Dados mostram que o crédito para as famílias tem se recuperado nos últimos meses, após o período de retração com a crise econômica, mas as empresas ainda encontram dificuldades. Os números mais recentes do BC, relativos a outubro, mostram que o saldo de crédito subiu 1,1% para as famílias em outubro, mas recuou 0,3% para as empresas.

O montante liberado – de R$ 6,5 bilhões – também está longe de resolver o problema, considerando o mercado de crédito brasileiro. Somente em outubro, por exemplo, as concessões somaram R$ 259,2 bilhões.

Por outro lado, o próprio presidente do BC, Ilan Goldfajn, tem repetido em eventos públicos que é intenção da autarquia continuar o processo de simplificação e de redução dos compulsórios no Brasil. A visão é de que, com isso, os bancos terão, no longo prazo, mais recursos para emprestar. “O que pudermos contribuir para a redução do custo, vamos fazer”, afirmou ontem Goldfajn em relação aos compulsórios, durante evento em Brasília.

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 Neutralização. A medida de ontem do BC também evita que R$ 14 bilhões, hoje em circulação no mercado, sejam recolhidos na instituição neste fim de ano. Isso porque, antes de janeiro de 2017 existiam várias deduções de compulsório ligadas a programas específicos, como o Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Naquele mês, o valor para as deduções estava em R$ 28 bilhões.

Foi então que uma norma determinou que este valor seria reduzido em 50% em dezembro deste ano, em mais 30% em dezembro de 2018 e seria zerado em dezembro de 2019. A redução de 50% das deduções em dezembro de 2017 significaria, portanto, que R$ 14 bilhões em compulsórios voltariam para o BC no fim deste mês. No entanto, a circular, conforme a instituição, neutraliza este efeito e ainda libera mais R$ 6,5 bilhões em compulsórios.

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